Em pauta!

sábado, dezembro 17, 2016

[N! 10 Anos] Uma review de Jigoku Shoujo


O quarto post da campanha #netoin10anos acabara
de chegar, sendo o mesmo sobre um anime bem peculiar...

Olá para você, leitor deste incrível espaço na internet que atravessou uma década inteirinha. Chega dar até inveja da determinação inabalável do criador desse espaço, espero conseguir chegar até essa marca com meu trabalho no Animes Tebane.

Bom, antes de começar o texto, vou deixar os meus sinceros parabéns ao Carlírio e seu companheiro Netotin. Em uma internet tão veloz, onde tudo passa e acaba sendo esquecido, acabamos meio que nos conformando com o prazo de validade curto que cada site e projeto na internet acaba tendo. Mas é quando nos deparamos com um exemplo como o NETOIN!, que temos a oportunidade de reaver a esperança, pois é de muitas formas renovador para um criador de conteúdo perceber que alguém venceu nesse mesmo ramo, tornando então o desejo possível.

Eu sou Jhonatan mais conhecido pelo apelido de Kouichi, escritor do blog Animes Tebane, parceiro já há algum tempo aqui do NETOIN!, então espero que gostem do trabalho que fiz especialmente para esta ocasião, pois vou fazer uma breve análise do anime Jigoku Shoujo, evitando ao máximo os temidos spoilers. Este texto funcionará como uma indicação para você leitor do NETOIN!, ao mesmo tempo que poderá servir para momentos de reflexão (em razão do enredo e ambientação deste anime).

Analisando e opinando sobre a obra...

Demonstração do visual de Jigoku Shoujo.
A obra original Jigoku Shoujo estreou no ano de 2005, sendo animada pelo Estúdio Deen e contando com vinte e seis episódios, tudo válido para a primeira temporada da obra que tem a personagem Enma Ai como protagonista. No mesmo ano e mês (aproximadamente) de lançamento do anime original, a Nakayoshi serializou o mangá inspirado no anime de mesmo título, que contou com trinta e quatro capítulos e foi lançado até o ano de 2008.

Exatamente um ano após o lançamento de Jigoku Shoujo, a obra ganhou sua continuação nomeada "Futakomori", contando mais uma vez com vinte e seis episódios e animada novamente pelo Estúdio Deen. A obra deu continuidade ao enredo que posteriormente foi concluído de forma não definitiva na terceira continuação da série, então lançada em 2008 e nomeada como "Mitsuganae". Alguns outros mangás foram lançados também seguindo o sucesso de Jigoku Shoujo, e até mesmo um live action foi gravado com doze episódios para a série (este seguiu detalhadamente a primeira temporada do anime). Jigoku Shoujo foi oficialmente exibido em vários países, inclusive aqui no Brasil, onde ganhou seu espaço no antigo canal Animax, isto em 2008.

É um anime de proposta simples, com formato fixo que vai se repetindo ao decorrer de seus episódios. A obra é desenvolvida ao redor de Enma Ai (a donzela do inferno) e seus três servos fieis, que trabalham levando almas para o citado lugar. O anime busca trabalhar, de forma simples, o antigo mito de conhecimento geral da "venda de alma", porém dessa vez apresentando motivos muito cotidianos para que personagens aleatórios que aparecem ao decorrer dos episódios "vendam" as suas almas em busca de vingança.

A Enma Ai, mesmo sendo protagonista responsável por levar as "vítimas" das vinganças de seus clientes para o inferno, é uma personagem extremamente neutra (nem boa ou má em seu modo de ser). Os episódios de Jigoku Shoujo seguem um padrão bem fixo, contando em primeiro plano a vida de um personagem, e como ele sofreu até chegar a conclusão que precisa enviar alguém ao inferno. A segunda parte de cada capítulo se inicia após uma curta explicação da protagonista (Enma Ai) que, de forma metódica, define bem o processo trabalhoso para se enviar alguém ao inferno, no qual é preciso sacrificar sua própria alma. Após estes dois pontos, o episódio tem o seu prosseguimento de trama.

A ambientação escolar: o ponto de atenção desta obra.
Apesar da base simples, e cada episódio abordar uma história diferente, todos os personagens são bem desenvolvidos e seus dramas são bem explicados. Tratam-se normalmente são dramas cotidianos, acontecimentos que poderiam ocorrer com qualquer um, porém a resolução acaba sendo sobrenatural, com o envio do "inimigo" ao inferno.

A palavra "vingança" parece servir como chave por detrás do enredo de Jigoku Shoujo. Se olhar de uma forma objetiva, de fato é. Porém, mais do que tal chave mencionada, a obra parece querer refletir um pouco da sociedade japonesa e, talvez, levar os espectadores a uma reflexão sobre tal organização humana. Analisando diretamente, este anime pode muito bem fazer com que qualquer espectador (independente de sua nacionalidade) possa refletir sobre o tema proposto, trazendo sempre variantes do mesmo em seus episódios, onde por desenvolvimento e conclusão deixam claro a intolerância humana para com seus próximos. Tudo isto mesmo com a proposta simples e padronizada do anime, que ainda assim consegue abordar o tema em pauta, que é complicado por si.

Esta obra sempre tende a mostrar algum problema cotidiano de algum personagem e a mística solução trazida por Enma Ai. A primeira barreira que tende a surgir no enredo é a desproporcionalidade da ação do agredido em relação a seu agressor. Um exemplo que aparece bastante no anime está no estudante sendo torturado psicologicamente pelos seus colegas. Por muitas vezes, Jigoku Shoujo demonstra o quanto alguém pode fazer mal a outra pessoa apenas por mera diversão, sem nem ao menos perceber o mal que está fazendo.

A questão que lanço, aqui, está na validade proporcional de se enviar alguém ao inferno eterno por conta de trinta ou quarenta minutos diários de desconforto (ou até agressão física). Caso a sua resposta seja "sim", talvez movido pelo ódio do momento, certamente acabaria retornando tamanho mal ao seu agressor. Nisto, você precisaria rever a sua posição. Como diz Enma Ai, para enviar o agressor ao inferno eterno, o agredido precisa enviar também sua alma para o mesmo castigo.

"Quando uma maldição é feita, duas sepulturas são cavadas..."
por: Enma Ari, protagonista do anime Jigoku Shoujo.

Facetas de diferentes significados e destinos.
É nesta complexa decisão que reside um dos maiores méritos da obra, que vem de uma mistura de escolha de elenco e ambientação, além de um desenvolvimento convincente. Em suma, na maior parte das vezes em que alguém é enviado ao inferno, quem executa a ação está psicologicamente abalado, ou é apenas um estudante que vê o momento como um todo.

O melhor da obra é poder observar também a cultura japonesa que cria uma espécie de passividade no próprio povo local. O fato é que, na maior parte dos casos, as vítimas tentam o suicídio e após isso condenam sua alma ao inferno para se vingar de alguém (sendo que tal ação de vingança podia ter sido feita ainda em vida por tais pessoas). O tema da vingança com as próprias mãos é claramente abordado por diversos episódios da série, e curiosamente esta ação realizada por métodos normais acaba por ser demonstrada como um ato ainda pior que enviar alguém ao inferno a custo da própria alma. Só nesse pequeno fragmento da obra já se tem a oportunidade de observar o quanto pode ser frágil a condição humana frente a sociedade, a ponto de que o medo de reagir seja maior que o medo de uma condenação eterna e irrevogável.

Mas no parágrafo anterior não foi analisada toda a visão da obra para essas vinganças impensáveis. Na maior parte dos casos, a donzela do inferno acaba por surgir como uma aproveitadora da fragilidade humana, principalmente dos adolescentes. A missão de Enma Ai não é fácil, e parece custar bastante para a garota enviar alguns a danação, mas para outros ela quase que demonstra felicidade no envio, mesmo que alguém inocente esteja pagando a passagem com a própria alma. A própria Enma Ai já é um ser que atravessou os séculos movida pela vingança.

O caso é que, quando um adolescente toma uma decisão tão pesada, ela (a protagonista) acaba por fazer tudo parecer ainda pior. Afinal, a maioria das ações são guiadas pelo instinto do momento, acreditando que o único obstáculo para a felicidade está bem a sua frente. Porém, ao analisar bem a forma de agir e pensar de tais pessoas, conclui-se que as mesmas ainda encontrarão muitos problemas pela frente e, para piorar tudo, a Enma Ai é a dita solução que funciona apenas uma única vez.

Finalizando...

Enma Ari e o seu olhar mais do que compenetrado.
Evitando spoilers ao máximo, concluo aqui os meus pensamentos sobre Jigoku Shoujo, que foram colocados em forma de texto.

Convido você, leitor, a conhecer esta obra caso ainda não tenha tido essa oportunidade. Jigoku Shoujo é uma obra que vai muito além do drama e mistério imediatamente propostos, pois questiona a natureza humana e o tão citado preço da vingança. E a melhor resposta para tal questionamento pode estar nos setenta e oito episódios desse anime.

O NETOIN! agradece imensamente o blog parceiro
Animes Tebane, por intermédio do jovem Kouichi, por esta
análise introdutória do anime Jigoku Shoujo.

Nobre visitante, ainda haverão mais posts especiais
nos próximos dias. Por isto, fique atento.

Até a próxima!

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Conheça o jovem convidado, visitante...

Kouichi Sakakibara, um jovem que está na rede mundial de computadores trabalhando junto de seus amigos, no blog Animes Tebane, espalhando informações e análises sobre a cultura japonesa.

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