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quarta-feira, outubro 31, 2018

[Análises em Geral] Parte #96: o Ofunehiki em Nagi no Asukara


Pela paz...

-   Aviso: este post possui spoilers quanto ao enredo de Nagi no Asukara.   -

Nagi no Asukara foi um dos animes que despontou na temporada de outubro/2013, tendo sido finalizando em março do ano seguinte com vinte e seis episódios no seu total. Esta história original, animada pelo estúdio P.A. Works, falava sobre dois povos cuja característica em comum estava ni fato de serem humanos, habitando na água (em Shioshishio) e seus vizinhos da superfície (em Oshiooshi). Contudo, os diferenciais culturais de longa data os separavam e, sempre que surgia a oportunidade, desavenças antigas ficavam em clara evidência.

Drama, romance, cotidiano, conflitos culturais e sociais entre os habitantes da água e da superfície deram o tom de como este anime se desenvolveu. Contudo, um dos pontos mais importantes de seu universo está intrinsecamente ligado a um evento denominado Ofunehiki, no qual os povos de Shioshishio e Oshiooshi buscavam apaziguar a ira do Deus do Mar e, assim, garantir a paz. Havia o revezamento entre os mesmos na realização deste importante evento, contudo os habitantes da água sempre foram os responsáveis por emanar o cântico do festival.

O rito do Ofunehiki era composto, inicialmente, por embarcações que navegavam pelas águas à margem de Oshiooshi. Uma delas era a frontal, onde estava o sacrifício feminino conhecido como Ojoshi. Conta-se que, no passado, o Deus do Mar e a Ojoshi tiveram um relacionamento, mas a dúvida quanto ao sentimento ser totalmente correspondido ou não fez com que a divindade lançasse a jovem para a superfície, mas não sem antes tomar-lhe algo muito importante, sendo isto os seus sentimentos amorosos. Desta forma, Ojoshi perdera a capacidade de se apaixonar novamente para sempre (ao menos assim presumia o Deus do Mar).

Hikari e a bandeira do Ofunehiki.

Obviamente, nos festivais atuais não havia o lançamento de mulheres reais ao sacrifício (sendo este um ponto reservado mais para tempos passados), mas sim de bonecos com as vestimentas tradicionais que passaram a fazer este papel. À rigor, e segundo dizia o servente Uroko (a "escama" do Deus do Mar e responsável por vigiar Shioshishio e seus habitantes), o evento em pauta possuía um caráter estritamente simbólico e, para os momentos em que foram realizados no anime, pouco poderiam ser efetivos em seu prenúncio já explicado.

Em duas oportunidades, Nagi no Asukara mostrou o Ofunehiki em andamento. Ambas realizações se deram nos momentos finais do primeiro arco e do anime no todo. Para cada um, haviam diversos motivos paralelos além do dito culto ao Deus do Mar e a simbologia da Ojoshi. Seguiam-se, para tanto, razões que buscavam unir sentimentos e tentar evitar maiores desavenças entre os principais personagens do elenco da obra, além de mostrar com amplitude que os sentimentos humanos não conhecem barreiras (por mais que as mesmas possuam um conflito cultural histórico entre dois povos).

No primeiro arco do anime, estava se aproximando o período de hibernação dos residentes de Shioshishio (período no qual iniciaria e concretizaria o "desastre" na superfície). Hikari, Manaka, Kanade e Chisaki estavam totalmente envoltos com o pessoal de Oshiooshi na realização do Ofunehiki. Aliás, o evento em si teve um final trágico, com direito ao Deus do Mar ter uma "nova Ojoshi" em seu local de sacrifícios, sendo este o ponto melhor conhecido como "ponte" entre os dois arcos de Nagi no Asukara. Cabe aqui ressaltar a participação da Akari, que estava trajada como o antigo amor do Deus do Mar (mas que não seria lançada ao mar, pois uma embarcação ao lado estava com o boneco que executaria tal função).

Akari, irmã mais velha do Hikari, pronta para ser a Ojoshi "simbólica" do Ofunehiki (primeiro arco do anime).

Por sua vez, a segunda oportunidade na qual o Ofunehiki foi mostrado no anime teve um impacto maior. Houve um salto temporal de cinco anos. Tsumugu e Chisaki (a única do quarteto de Shioshishio que não hibernou) cresceram bastante. A jovem Miuna, filha do marido da Akari com sua falecida esposa, nutria um grande carinho pelo Hikari (o primeiro a acordar da hibernação). Aos poucos, o grupo de amigos foi se reencontrando, disputas sentimentais entravam em evidência e, uma vez mais, a realização do festival implicaria em um novo destino para a superfície (uma vez que a "neve cálida", que já caía a cinco anos, estava trazendo transtornos e prejuízos não apenas para Oshiooshi).

A dupla Manaka e Miuna teve um papel extremamente importante no contexto deste Ofunehiki. A primeira jovem citada aparentava estar normal, mas na verdade tinha perdido o amor dentro de si (não podia mais se apaixonar e nem corresponder aos sentimentos iguais a este). A segunda jovem não apenas tinha noção de que seu amor não seria correspondido, como auxiliou o alvo de seus sentimentos durante todo o tempo (na procura pela Manaka e a cuidar dela).

Dito isto, o final deste Ofunehiki em específico teve dois pontos distintos, sendo o primeiro um início com tragédia anunciada similar a do primeiro arco do anime (diferenciando no quesito sacrifício para o Deus do Mar) e, depois, contou com um final digno de apreciação (no qual as desavenças culturais, mesmo que de maneira momentânea, foram deixadas de lado em prol da paz e das relações humanas). Basta você estar à par, visitante, de que os sentimentos da Manaka ecoaram muito no mar durante o segundo arco de Nagi no Asukara e que, não obstante à isto, o coração da Miuna acabou sendo o alvo da atenção do Uroko e (por assim enfatizar) do Deus do Mar na sequência (com o alento dos sentimentos não correspondidos dela).

Manaka e Tsumugu, durante o Ofunehiki do primeiro arco de Nagi no Asukara.

Em si, o Ofunehiki tinha o propósito inicial de "apenas" buscar apaziguar a ira do Deus do Mar, oferecendo ao mesmo um sacrifício humano em lugar de seu antigo amor, Ojoshi. Com o passar do tempo, um boneco feito de madeira e trajando as vestimentas comuns ao cerimonial passou a servir de sacrifício no lugar de uma mulher real. E na cronologia atual do anime, este mesmo evento passou a distinguir dois pontos distintos (entre o início do fim da superfície e a chegada de um novo período de paz entre Shioshishio e Oshiooshi).

Os sentimentos entrelaçados e conflitantes, entre os seis principais personagens de Nagi no Asukara, acabaram tendo nas realizações do Ofunehiki um respaldo quase ímpar, sobretudo nos vínculos que tanto se partiram (primeiro arco da obra) como naqueles que ficaram em franca ascensão (final do anime). Entre estes dois momentos do anime, muitos desdobramentos acabaram ocorrendo e, invariavelmente, a história da jovem Ojoshi acabou sendo revivida por cada um dos jovens personagens que tomaram parte das ações correspondentes.

Ao final de tudo, nobre visitante, é incerto imaginar se o Ofunehiki continuou a ser realizado após os eventos em Nagi no Asukara. Principalmente após Uroko, o representante do Deus do Mar na atualidade (e sua escama), ter tido a consciência na qual a divindade marítima havia tirado os sentimentos da Ojoshi e a enviado para a superfície. Faces distintas de povos separados por local e cultura mas que, no íntimo das situações vividas, tinham muito mais em comum além do próprio Ofunehiki.

E assim se seguiu...

Momentos...
Clique nas imagens para vê-las em tamanho real...


"Miuna auxiliando em uma descoberta bem difícil de aceitar..."


"Hikari e a bandeira do evento no primeiro cour do anime..."


"Hikari e a bandeira do evento no segundo cour do anime..."



"O Ofunehiki, sob diferentes ângulos de visão..."


"As luzes fazem ressonância de um novo início..."


"O Deus do Mar e sua amada..."

Até a próxima!

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Carlírio Neto
Carlírio Neto, um fã de animação e cultura japonesa desde os anos noventa. Dramas são a especialidade pessoal. O personagem Wataru, de Sister Princess, representa bem a personalidade de minha humilde pessoa.

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