Imagem do informativo sobre a palestra.
Saudações, amigo visitante. O NETOIN! abre espaço para mostrar-lhe as impressões deixadas por uma palestra muito interessante, que se fez realizar em Curitiba/PR no último dia 23 de março.
Estejas à par de que, há poucos dias atrás, foi publicada uma chamada neste blog sobre uma palestra. A mesma tinha como tema falar sobre o pós-tsunami no Japão. À bem da verdade tal evento tinha o intuito de mostrar, a quem se fizesse presente, um trabalho que está sendo feito na região que ficou assolada pelo tsunami.
Além disto, muito se fez comentar como que a sociedade japonesa encara certas artes comuns no mundo ocidental ( ou mais precisamente, no Brasil ) ficando em clara evidência, de forma humilde e contundente, o modo como os residentes da região de Ishinomaki estão vivendo e também a forma com a qual receberam o trabalho artístico, que será enfatizado nesta postagem.
Desta forma, o convite está lançado. Que a leitura deste texto lhe seja atrativa, estimulante e de grande ganho sócio cultural. A área de comentários está aberta para as suas sugestões e opiniões sobre o texto que se iniciará.
Palestra: Arte, um caminho para a reconstrução!
Capa da publicação da Japan Foundation sobre o trabalho de Titi Freak.
Este blogueiro inscreveu-se para assistir a palestra com grande entusiasmo. Uma grande oportunidade de se obter conhecimento sobre o Japão pós-tsunami, bem como ter acesso a um ótimo ganho cultural, foram os principais alicerces que sustentaram o anseio pessoal para prestigiar tal evento. O resultado foi o mais positivo possível.
A palestra reservou, em seu início, um espaço especial para a apresentação de um vídeo sobre a tsunami que assolou uma região situada ao norte do Japão, em março de 2011. Acontecimento este que, certamente, não sairá da memória de inúmeras pessoas por toda a Terra. E o vídeo cumpriu seu papel com irrefutável brilhantismo.
Os presentes tiveram a oportunidade de ver o como que a tsunami avançou pela cidade adentro. Desde o aeroporto até chegar as áreas residenciais e comerciais, culminando com o estrago em uma usina nuclear, a tsunami mostrou seu alto poder destrutivo que, até hoje, ainda deixa as suas marcas sob o solo da região de Ishinomaki.
Várias famílias vivem, atualmente, em moradias improvisadas dentro de contêineres. Foi a ação indicada para que estas pessoas possam prosseguir com as suas vidas, enquanto a cidade e suas residências originais seguem em ritmo de reconstrução. Tendo isso como base, não fica difícil imaginar o momento difícil pelo qual passam estas famílias que carregam, dentro de si, o estigma consciente deixado pela tsunami de um ano atrás.
Titi Freak durante a palestra.
Para trazer felicidade e o sentimento de esperança, que devem permanecer vivos e atuantes nos corações e nas mentes destas pessoas, um rapaz foi convidado para realizar um trabalho na região afetada pela tsunami. Recebendo a proposta diretamente da Embaixada do Brasil no Japão, o jovem artista plástico Titi Freak aceitou a missão de levar, aos residentes de Ishinomaki, um pouco de calor humano ao seu melhor modo.
Titi Freak trabalha com o segmento artístico desde muito cedo tendo chegado, inclusive, a trabalhar nos Estúdios Maurício de Souza e de ter desenhado para outras importantes e conhecidas empresas. Contudo, desde 1995 o jovem artista tem buscado fazer trabalhos mais autorais sendo, através do grafite, a sua amostra de arte em evidência.
Assim sendo, com um grande trabalho de preparação e de pesquisa, Titi Freak encabeçou e levou adiante o projeto de pintura dos citados contêineres. Com o uso de sua aptidão em excelência para o grafite, o jovem artista buscou levar paz e alegria para os residentes de Ishinomaki. Por mais que o resultado final tenha sido elogiável, alguns percalços se fizeram presentes e tiveram de ser analisados.
Como fez questão de salientar durante a palestra, Titi Freak sabia que teria de passar por certos modos diferenciados de pensar sobre o grafite. Tendo por base as perguntas feitas pelos presentes no evento e a linha de raciocínio do artista plástico em questão, torna-se fácil deduzir que o preconceito existente sobre o grafite seria a maior barreira para a consolidação do projeto pelo jovem artista.
Titi Freak buscou mostrar as suas motivações e anseios com o projeto.
Mas Titi Freak foi recompensado de forma agradável pelos residentes de Ishinomaki. Segundo relatou o próprio artista, no norte japonês a arte do grafite não era conhecida sendo, inclusive, taxada de algo feito por desocupados e características similares. Fato inversamente proporcional ao que ocorre em Osaka e Tóquio onde, segundo o artista, o grafite já é mais difundido, sendo o mesmo praticado dentro das regras sociais dos costumes japoneses.
Deixando os residentes verem o trabalho em prosseguimento e realizando pequenos workshops para eles, Titi Freak mostrou que estava aberto não apenas para passar um pouco de seu conhecimento na área, como também estava à vontade para sugestões vindas das famílias. A maioria das pessoas, idosos e crianças segundo o artista, se divertiram com a pintura. Gostaram da sensação que o colorido exposto nos contêineres lhes propiciava. E Titi Freak chegou a ouvir ( de algumas pessoas ) que a opinião que as mesmas tinham sobre o grafite mudou, graças ao projeto ali executado pelo jovem artista brasileiro.
No Brasil o grafite é bem conhecido e difundido, porém mal visto por parte da população ( principalmente em razão do modo como o mesmo é praticado em várias ocasiões ). Titi Freak, ao ser questionado sobre tal assunto, sempre respondeu com desenvoltura e um incrível carisma, mostrando que a arte do grafite pode ( e deve ) ser muito mais representativa do que apenas figurar como elemento de poluição visual das grandes cidades.
Apesar do próprio não se considerar um bom palestrante ( palavras estas que valeram como momento de descontração na palestra ) Titi Freak mostrou, com seu carisma e humildade nas palavras, ter alcançado o que queria com o projeto. Porém, o jovem artista salientou que o projeto em si não está encerrado, sendo certo o seu prosseguimento. Ao que tudo indica, Titi Freak está conseguindo levar para as famílias de Ishinomaki um pouco de alegria, esperança e anseios de um futuro promissor através de linhas, desenhos e cores. Muitas cores...
Objetivamente
Mais um detalhe da publicação, com o trabalho de Titi Freak em evidência.
Para este humilde blogueiro, a palestra teve uma importância maior do que se podia esperar. Por mais que o responsável por este blog não seja um fã condicional da arte do grafite, certamente o que se fez apresentar durante o evento foi algo que chamou a atenção, direcionando-se para um ponto de convergência social e educacional: por que não levar a prática da arte, não apenas do grafite como várias outras, a um nível como o ostentado pelo jovem Titi Freak? Eis um ponto à se ponderar e refletir...
O que se pôde presumir, com base no apresentado durante a palestra, foi que Titi Freak deu uma lição de moral muito grande para muitas pessoas, por mais que tal afirmativa não tenha sido a razão de existir de tal evento. Em meio ao cinza protagonizado pelos arranha-céus que cortam verticalmente as grandes cidades ( não apenas do Brasil como de todo o planeta ) a ausência de cores causa um grande impacto negativo. Além disso, as cores e os desenhos levaram um pouco de alegria às pessoas flageladas pela tsunami de março'2011. Pensar no impacto que as mesmas cores e desenhos poderiam causar, sendo feitas de forma correta e socialmente responsáveis nas cidades brasileiras, é algo que paira com satisfação no ar...
Ficam os agradecimentos deste humilde blogueiro ao Museu Paranaense pela acolhida e a jovem Mylle Silva ( do blog parceiro Tadaima! Curitiba ) pelo texto providencial chamando para o evento. De igual forma, ficam as congratulações ao jovem artista Tite Freak pela palestra e por ter permitido ( à pessoa deste humilde blogueiro ) que as fotos da mesma pudessem ser aqui publicadas. E ficam aqui os anseios para que o projeto, em Ishinomaki, alcancem os resultados desejados.
O que pensas, amigo visitante?
[ made in NETOIN! ]
----------------------------------------------------------------------------------------------
Acesse o site do Museu Paranaense, clicando aqui.
Acesse o site da Japan Foundation ao clicar aqui.
Carlírio Neto, um fã de animação e cultura japonesa desde os anos noventa. Dramas são a especialidade pessoal. O personagem Wataru, de Sister Princess, representa bem a personalidade deste humilde blogueiro. Veja um pouco mais sobre o autor do blog NETOIN!aqui. |
Ótimo texto, eu esperava uma palestra sobre arte em geral e não algo assim, não que eu esteja dizendo que eu não gostei, gostei bastante do texto, é bom ver que na época do Tsunami muitas pessoas tentaram ajudar e até artistas se envolveram, sou muito novo e não sabia que esse tipo de coisas acontecem.
ResponderExcluirUma questão levantada por você a qual eu concordo com a sua opinião é o preconceito com os tipos de arte, já vi fãs de mangás falando que HQs são muito ruins, sendo que alguns deles leram no maximo umas 5 HQs, acho que já vi também preconceito com livros, no momento só me recordo desses dois exemplos.Não acho certo condenarmos um meio artistico na base do preconceito, se a pessoa já tem um conceito e não gosta por algum motivo pessoal ou arranjou um argumento sabe-se lá de onde eu acho que seria mais certo do que chegar em algo que não conhece e falar "isso é uma merda"
Bem é isso ^^ até mais o/
Saudações
ResponderExcluirSempre se levanta a questão do preconceito, por mais que não seja esta a real intenção do post. Porém é verdadeira a sua análise, Julio.
E a palestra foi realmente muito interessante. Para a minha pessoa, houve um ganho social e cultural imenso com a mesma.
Até mais!