Em pauta!

sexta-feira, abril 04, 2014

Nagi no Asukara e o limiar dos sentimentos...

Manaka e Miuna.

E a vitória foi do sentimento...

Existiam muitas dúvidas sobre como se faria presente o último episódio de Nagi no Asukara, tendo por base tudo o que já havia sido apresentado ao longo de seus vinte e cinco episódios anteriores. Similar a uma partida de xadrez, as principais peças já estavam postas para o derradeiro movimento, sendo este o aclamado e comemorado xeque-mate. Seria este o momento da consagração, acompanhado pelo sorriso de um jogador e das lágrimas do outro.

A referência faz jus ao capítulo derradeiro do anime em questão. O evento em honra e memória do deus das águas, Umigami-sama, uma vez mais foi o estopim de um acontecimento deveras chamativo e rico em importância. Se no final do primeiro cour houve a representação do início da hibernação para o povo de Soshishio, desta vez a descoberta sobre os sentimentos oprimidos pelo deus das águas fez a imersão ao contexto do enredo ganhar em imersão ao mesmo. Canalizar emoções passou distante de ser a única intenção com isso.

O jovem Hikari, disparadamente o personagem que mais cresceu ao longo do anime, vivenciou mais um momento duro em sua vida. Além de descobrir sobre os sentimentos da Miuna para/com ele, o rapaz estava prestes à presenciar a destruição de um sonho por parte da garota. Ela preferiu salvar a Manaka e se colocar no lugar dela como sacrifício para o Ofunehiki. Havia uma razão bem concisa para esta ação por parte da Miuna, uma vez que a mesma sabia que seus sentimentos verdadeiros não tinham chance de chegarem até o seu real alvo.

Os lamentos da antiga oujou-sama...

Não era uma situação muito fácil de ser presenciada. Na superfície estavam a Chisaki e o Kaname ao lado da Manaka, que tinha recém recobrado seus sentidos (e algo ainda mais valoroso para si). A Sayu, junto aos demais, observava tudo à distância, bem atônita. A missão do Tsumugu era outra, estando esta baseada em tentar acalmar o Hikari nas proximidades de Soshishio, sendo que os dois estavam de frente para a Miuna em uma situação nem um pouco louvável. Com todos os acontecimentos que se faziam prosseguir, era mais do que pertinente imaginar que o principal dos personagens, enfim, faria a sua aparição.

O Uroko-sama, incrivelmente surpreso, viu o espírito de Umigami-sama (em sua mais nobre personificação) chegar até o covil (cemitério) onde ficavam os sacrifícios ofertados pelo Ofunehiki em suas incontáveis edições. E lá, o jovem Hikari teve seu apelo atendido de uma maneira simplesmente inesquecível. À partir deste ponto, o episódio (que já havia mostrado um curioso histórico à respeito do passado de Umigami-sama) se dedicou à mostrar todas as casualidades mais do que previstas para o encerramento de Nagi no Asukara.

Não houve espaço para casamentos, mas sim para a contemplação dos reencontros. Olhares, falas, promessas, anseios e sonhos se uniram em uma mesma sintonia, entre os povos da água e da superfície. Pode aqui ser considerada um tipo de aplicativo à paz, mas na verdade o anime acabou trabalhando com eficácia aquilo que o mesmo mais se desdobrou à trabalhar e manifestar, ao longo de todos os seus episódios. A bela Soshishio, envergada e rejuvenescida, mostrou uma vez mais que sua apoteótica beleza fazia um contrapeso muito poderoso ante a força de seus compromissos mais sórdidos. Não se trata de lição de moral, pois esta não era a razão de ser daquele momento, mas sim da prerrogativa pela busca do sentimento verdadeiro.

A luta pela liberdade...

O último episódio de Nagi no Asukara deixou em franca evidência aquilo que mais podia se esperar do anime, desde a sua concepção até a aplicabilidade do enredo. Lágrimas e risadas se misturaram na mais plena harmonia. Os humanos da superfície e das águas estavam vendo a normalidade voltar aos seus cotidianos, com todos os pontos positivos e negativos que estavam à espera dos dois povos. Mas teve espaço para os momentos mais engraçadinhos possíveis, a chamada para o reconforto humano e, obviamente, a premissa para os laços afetivos já formados ou aqueles em franca ascensão.

É possível que possa ter faltado algo no capítulo que deu valores finais ao anime, da mesma maneira que outros temas possam ter sido vistos em franca abundância. Nada que, em absoluto, tire a beleza com a qual os últimos momentos desta obra fossem repassados aos seus seguidores. A cravada emocional foi densamente trabalhada, porém não de uma maneira tão arrebatadora como se poderia pressupor. Ainda assim, a beleza na execução de cada ação fez valer todo o processo em citação.

Com isso, Nagi no Asukara chegou ao seu final, carregando a premissa de que ainda chegará o dia no qual a superfície encontrará o término de seus dias. Contudo, as águas calmas que protegem Soshishio estavam repletas por uma tranquilidade que há muito tempo não se era notada. Por ventura, as emoções do Umigami-sama estavam devidamente seladas no íntimo daquelas águas. E observando tal paisagem, dois dos principais personagens do anime proferiram as últimas palavras da obra, nas quais as chamadas para o sentimento e para os sonhos se fizeram bem verdadeiras.

Parte técnica e considerações finais...

Umigami-sama, em uma aparição de destaque...

A obra animada de Nagi no Asukara recebeu o tratamento visual por intermédio do estúdio P.A.Works. Somou um total de vinte e seis episódios, desde o início de sua exibição em outubro de 2013. Além do anime em si, a obra possui duas publicações em formato mangá, ambas feitas pelo Project-118. Uma delas está em andamento desde junho de 2013, tendo dois volumes até o presente momento. A outra, em formato 4-koma, também está em continuidade (teve um volume publicado até aqui, em setembro de 2013).

É possível traçar vários parâmetros para definir o quão expressivo é o trabalho visual aplicado neste anime. Neste quesito, trata-se de uma beleza simplesmente dignificante no meio animístico. O uso das cores, os traços, os mínimos detalhes e o uso de algumas tecnologias acabaram fazendo, deste título, um dos mais elogiáveis para a minha pessoa. Sendo um pouco mais direto, não é algo que se possa ver sempre.

Em si, Nagi no Asukara também apresentou uma ambientação deveras interessante. Os elementos presentes fazem parte de um universo que se encontra além do imaginativo mais preponderantemente aceitável em sua lógica mais básica. Isto porque nesta obra é possível assistir televisão, comer arroz e carne de porco bem quentes, além de ter de limpar os móveis e varrer o chão, sendo tudo isto perfeitamente possível estando embaixo da água. Trata-se de algo inserido no enquadramento da obra em si, pouco disperso em sua vulnerabilidade e que consegue fazer surgir um atributo bem carismático (e até charmoso) para o anime.

O grupo reunido, recebendo as explicações do Uroko-sama.

Em sua parte acústica e sonora, ao anime soube marcar pontos mais do que preciosos. Os quatro principais temas musicais (duas aberturas e dois encerramentos) corresponderam de forma vibrante as expectativas. Aliás, o primeiro cour da obra (entre outubro e dezembro de 2013) foi o que apresentou o melhor conjunto de abertura e encerramento, sendo que o tema inicial do segundo cour (a música "Ebb and Flow") também merece ser aqui destacado. Cada efeito sonoro também cumpriu o seu papel, mesmo sendo bem normais em seu repertório.

Com o seu plot principal, Nagi no Asukara buscou falar sobre sentimentos, além de incorporar outras temáticas paralelas de importância direta à principal. Quando se mistura crenças culturais, possíveis eventos pré-apocalípticos e uma guerra moral com elementos pertinentes aos valores pessoais e divergências opinativas, a proposta central acaba ganhando um leque bem interessante de possibilidades. Neste contexto, a obra em análise soube interligar vários destes pontos com relativa força, embora tenha apresentado algumas inconsistências durante a passagem de seus episódios.

Tendo também a premissa de um relacionamento muito delicado entre dois povos humanos de culturas distintas, o amor acabou ganhando uma ênfase chamativa que, como se pode presumir, pode não ter agradado à todos em seu andamento. A obra, com tantas possibilidades de vínculos amorosos entre seus personagens considerados principais (e até alguns outros do elenco de apoio e/ou secundários), certamente acarretou em diversos casais prontos pelas mentes de seus telespectadores e, dado o andamento do anime em si, é possível que Nagi no Asukara tenha perdido muitos pontos em razão de alguns de tais enlaces não terem se concretizado (partindo do princípio opinativo de cada um).

Na superfície, a Manaka se faz preparada para um grande momento, junto do Kaname e da Chisaki.

Contudo, a forma como os sentimentos foram tratados em Nagi no Asukara pode também representar um ponto de forte crítica e análise. Seguramente, as reações e ações por parte de vários de seus personagens pode ter não apenas mostrado fraquezas que várias pessoas não admitem possuir, como também o tratamento para tais pode não ter sido do agrado para as mesmas. Contudo, pode-se aqui atribuir um ponto muito positivo também, pois as conformidades sentimentais presentes na obra não estão, na totalidade, tão distantes assim da realidade que cerca o mundo real.

No âmbito geral, a obra mostrou um crescimento na mentalidade de seu elenco deveras chamativo. Mesmo com alguns personagens chamando mais a atenção do que outros neste aspecto, Nagi no Asukara soube aproveitar da mudança de cour para trabalhar este ponto ao próprio favor, sendo esta uma característica que nem todos os animes conseguem assimilar muito bem.

Na prerrogativa pessoal da parte deste humilde blogueiro, o anime em análise conseguiu sim sobressair-se mesmo nos pontos mais delicados de seu enredo. Falar de sentimentos humanos (e transpô-los ao lado de temáticas como o choque cultural e um possível fim do mundo) não é uma tarefa fácil para ninguém. E ao longo de seus vinte e seis episódios (na visão de minha pessoa), Nagi no Asukara conseguiu trabalhar todos estes arquétipos de maneira harmoniosa e, porque não ressaltar, cativante ao próprio modo.

Lágrimas de felicidade.

Nagi no Asukara
temporada: outubro'2013 - episódios: 26
- avaliação final: nove pontos de dez possíveis - 

O NETOIN! recomenda o anime Nagi no Asukara para você, visitante!

A esperança para um novo amanhã.

Até a próxima!

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Carlírio Neto
Carlírio Neto, um fã de animação e cultura japonesa desde os anos noventa. Dramas são a especialidade pessoal. O personagem Wataru, de Sister Princess, representa bem a personalidade de minha humilde pessoa.

6 comentários:

  1. Se não o melhor, possivelmente esta em um Top 3 das duas ultimas temporadas. Mesmo que tenha achado que neste ultimo episódio o clima que vinha muito bem desenvolvido nos anteriores deu uma quebrada para que todos tivessem um final feliz. Mas não deixa de ser coerente com o que havia sido apresentado ao longo da série.

    Esperava um desfecho diferente em alguns dos casos românticos dos casais, mas a saida água-com-açúcar encontrada pela escritora da obra deve ter deixado muitos fãs felizes.

    Sinceramente pela carência de boas obras atualmente Nagi no Asukara pode entrar no roll das estreladas slice of Live/romance com méritos.

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    1. Saudações


      O único ponto de vossa opinião que lanço um ponto de análise está no final, nobre... Vejo que Nagi no Asukara teve ótimos concorrentes durante a sua exibição e que, honestamente, a prerrogativa das boas palavras devem se estender à isto...

      Penso que este último episódio foi o ideal, sem um melodrama desvairado e nem com pontas soltas em demasia. A autora amarrou bem os laços e entregou um final acima do satisfatório.

      Se agradou os fãs eu realmente não sei (pois eram tantas as possibilidades), mas consigo conceituar que a obra deixou a sua marca com dignidade.


      Até mais!

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  2. Eu diria que foi um bom final.

    Poderia ter sido excelente, não fosse a opção de agradar os fãs. Sinceramente, preferia um final mais consistente e maduro como se seguiu durante toda a série. Por exemplo, a Miuna poderia ter ficado no mar como Ojoshi-sama, seria até um pouco pesado, mas causaria um impacto interessante. Tem muitos outros casos que poderiam ter sido evoluídos, e provavelmente, quem acompanhou pensou nisso ao término desse episódio.

    Gostei muito do crescimento do Hikari (meu favorito), acho que foi o personagem mais bem trabalhado e com certeza, foi o núcleo das principais tramas do anime.

    Momento fã: Acho que um outro final mais trágico renderia um spinoff ou uma outra cour daqui a 1 ou 2 anos com os personagens envelhecidos (ok, essa parte da cour, foi só uma viagem minha XD).

    Concordo com a sua nota e volto a frisar poderia ter sido perfeito se houvesse imperfeições conclusivas. Eu persigo a ideia de que nem tudo precisa de explicação ou conclusão. Nagi no Asukara seguiu durante toda a jornada com bases sólidas e amarração de episódios que beiraram a perfeição. Direção de arte, roteiro e dublagem foram os pontos que eu mais destaco, todos eles foram nota 10!

    Só um detalhe, Carlírio, você colocou uma imagem com o Kaname, a Manaka e a Chisaki, mas na legenda tá escrito Tsumugu.

    Abraço.

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    1. Saudações


      Eu acompanhei e discordo de ti neste aspecto, nobre Pedro. Não vi o final como algo para agradar fãs, mas sim como uma forma mais direta de não apenas explicar as origens dos sentimentos reprimidos do Umigami-sama, como também de conceituar que as ações do grupo de Hikari e companhia não impedirão que a superfície passe por provações em algum momento.
      Sinceramente, eu agradeço pela Miuna não ter ficado no cemitério de oujoshi-samas, pois assim a autora pôde desbravar ações mais sentimentais e estabelecer este elo.

      Não digo que o Hikari foi o núcleo, mas fsim que foi um dos que mais cresceram sem dúvida alguma. Arrisco, inclusive, dizer que ele contribuiu ainda mais no segundo cour, mas é necessário aqui destacar que toda a trama trabalhou todos os principais personagens do elenco promovendo, inclusive, até momentos nos quais os "secundários" mereceram atenção.

      Eu penso que se o final não tivesse mostrado as ações anteriores de Umigami-sama, eu me sentiria incomodado com o episódio. Na verdade, achei este capítulo belo em sua essência, com um bom prêmio para o Hikari em sua coragem (uma vez que ele aceitaria entregar o seu amor para poder salvar a Miuna).

      Só acho que faltou uma cena ser desbravada neste episódio...

      Agradeço a observação de sua parte. Já promovi a correção da descrição na citada imagem.


      Até mais!

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    2. Sobre o episódio final, pode ser uma impressão, mas realmente me soou como um agradecimento aos fãs, acho que é uma forma de ver e um pouco de exigência da minha parte.

      Sobre a Miuna, sim, era uma expectativa que eu tinha. Mas, acredite, é só um ponto de vista, do tipo, "todo mundo vai ter um final feliz? Acho que dessa vez não" E entenda, mesmo com esse pensamento, gostei da resolução, amadureceram a Miuna muito bem e os últimos pensamentos dela não me pareceram forçados.

      E de fato, citei o Hikari como núcleo, mas seu comentário me fez lembrar que a trama não se esqueceu dos "secundários'. Todos foram contemplados com cenas tocantes.

      Quanto ao Umigami-sama, gostei muito do que aconteceu nesse capítulo final. O desenrolar de toda aquela mística, foi bem contado e não me deixou questões em aberto.

      Acredito que sei que cena você considera que não foi desbravada...

      OFF-Topic (ou não): Acabei de ouvir Animecotecast #51 (Vale a pena ver de novo), e te pergunto, você vai assistir Nagi no Asukara novamente? XD

      Abraço.

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    3. Saudações


      Compreendo-te melhor agora, nobre... É um tipo de sentimento interno o seu, correto?

      A Miuna acabou vendo, de alguma forma, tudo aquilo que podemos chamar de amor de uma maneira muito dolorosa... E após a Manaka ter perdido tal sentimento no íntimo, tudo passou à conspirar para isto...
      Foi um crescimento admirável o dela...

      Sim, tanto o Umigami-sama quanto o próprio Uroko-sama se resgataram de forma prazerosa neste final... As explicações dadas não deixaram a menor sombra de dúvida para nada neste conceito.

      Eu acho que tu realmente imagina que cena seria esta, nobre...

      Off: sim, irei rever...^^


      Até mais!

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