Em pauta!

sábado, julho 26, 2014

A incompreensão de uma homenagem...

Quando um gesto de afeição não é compreendido.

Quando um personagem força a mente ao limite...

É mais do que seguro afirmar aqui que Abarenbou Kishi!! Matsutarou não é um anime destinado ao grande público. Na verdade, a concepção desta obra está toda voltada para os fãs mais antigos no que tange às suas respectivas idades (pode ser o caso de minha humilde pessoa). Seu fator humorístico não é exatamente pertinente às épocas atuais, e o mesmo pode ser dito de seu visual mais cartunesco e bem pouco polido.

Entretanto, acompanhar as desventuras do Matsutarou em sua jornada como lutador de sumô iniciante tem reservado boas surpresas, que antes não poderiam ser pensadas. A maior delas se fez presente na data deste texto, nobre visitante, após o décimo quinto episódio da obra em questão ter sido exibida. O citado capítulo continuou à apresentar tudo que você leu no parágrafo acima, incontestavelmente, mas seguido por uma narrativa que instiga a racionalização.

Antes de tudo é necessário lhe apresentar o poderoso Matsutarou. Trata-se de um homem feito, alto e bem forte (muito acima da média). É conhecido em sua família e cidade interiorana por ser extremamente folgado, querer tudo ao alcance de suas mãos e, sempre que surge um problema, a resolução mais palpável para ele se dá por uso de sua descomunal força nos punhos. Além disto tudo ele mal concluiu o ensino primário, pois foi expulso da escola em que estudava (onde o amor de sua vida lecionava). Entretanto, após um perfeito acaso do destino, o rapaz em questão acabou sendo convidado para praticar sumô e, após surgir uma proposta que atendeu totalmente suas pretensões e interesses, ele se mudou para uma academia desta facção da cultura nipônica, em Tóquio.

Lanche nunca antes imaginado, em um shopping, agora era possível.

Agora que tens uma base do que vem à ser o protagonista deste anime, é bem pertinente da parte de minha pessoa imaginar o que você está à pensar, uma vez que fica difícil pensar que algo de realmente utilizável saia de uma estória que tem um personagem principal como este. É com grande satisfação que irá seguir-se, mais abaixo, o ponto de atenção que se fez presente no episódio citado parágrafos acima, levando a interpretação sobre como funciona a mente deste forte e destemido lutador de sumô.

A incompreensão de uma homenagem. Desde que se mudou para Tóquio, o Matsutarou só tinha em mente a ideia de agradar a sua antiga professora, que é alvo de seus sentimentos mais verdadeiros e a pessoa na qual ele chama de "sua namorada" para os demais (menos para ela mesma). Além disto, o seu costume de causar problemas e trazer encrencas em qualquer coisa que faça se mostrou muito mais presente do que deveria. A academia onde ele está locado não tem um momento de paz desde que tal protagonista se fez ali presente. O rapaz, infelizmente, não evoluiu neste aspecto (mantendo o mesmo selo comportamental de quando vivia no interior).

Contudo, a força era o grande ponto forte deste personagem. Graças à ela a sua prática de sumô acabou evoluindo rapidamente, ao ponto de ser temido por alguns adversários e simplesmente odiado por outros (incluindo colegas da própria academia para ambos os casos). Apesar de todos os problemas que tal cidadão causou, ele acabou vencendo todas as lutas da primeira categoria do sumô. Isto deu ao Matsutarou o seu primeiro título na vida como lutador, o que lhe valeu uma premiação em dinheiro e reconhecimento por diversos meios de comunicação da capital japonesa.

A mãe não acredita naquilo que acabara de presenciar.

Estando ele um pouco saturado dos últimos dias em Tóquio, Matsutarou resolveu voltar à sua cidade de origem. A ideia inicial era de ficar dias em sequência por lá, mas ele acabou saindo de seu lar original com menos de trinta horas na estadia. E a razão para isso pode soar como estapafúrdia mas acaba fazendo sentido, graças ao modus operandi que possui tal personagem. O rapaz não iria se tornar sensível e capaz de notar o carinho dos demais, simplesmente da noite para o dia, por ter em sua mente apenas uma linha de raciocínio lógica, estando esta pautada na simplicidade de que ele, Matsutarou, pode tudo sozinho resolver.

Em sua cidade, o protagonista foi ovacionado como um grande herói. Primeiramente pelos seus familiares (irmãos menores e sua mãe), depois na escola que frequentava e, por fim, quando estava no ônibus ao iniciar seu retorno para os treinamentos em Tóquio. O Matsutarou simplesmente não compreendia o porque de sua mãe ter colado em um caderno diversos recortes de jornais, nos quais ele aparecia como a grande revelação do judô. Aquela senhora, que por anos à fio aturou seu filho criando confusões em casa (e fora dela) estava muito orgulhosa, sendo este um sentimento que seu rebento mais velho não conseguia notar.

Com ampla certeza, a cena do táxi foi a que disparou a grande vontade em minha pessoa de fazer este post, nobre visitante. Durante a mesma, Matsutarou e sua mãe saíam de um passeio no shopping com destino à sua pequena e humilde casa (e no outro veículo estavam seus irmãos menores). Na metade do percurso, o taxímetro já apresentava um valor que ultrapassava a cifra dos dois mil e quinhentos Ienes. A velha senhora, assustada, sugeriu que a corrida ali parasse justamente por causa do valor e isto irritou seu filho, que mostrou um maço bem generoso com cédulas de dez mil Ienes para a sua mãe que, no primeiro momento, estranhou.  Contudo, quando o rapaz deu o montante para ela (dizendo para a mesma ficar feliz) é que veio, em mente, a necessidade de fazer este texto.

Matsutarou contando aos seus pequenos irmãos como é a vida em Tóquio. E curiosos lá fora...

É possível dizer que existem muitas pessoas com uma linha de pensamento exatamente igual a mostrada pelo Matsutarou. O rapaz nunca pediu por holofotes ou recompensas emocionais (que não sejam de sua antiga professora), mas o carinho com o qual ele foi recebido em sua terra natal soou como abrupto e inesperado pelo mesmo. Tudo ali, em sua visão, parecia fantasioso e desnecessário. Somando isso à sua nova rotina em Tóquio, a impressão básica que se pode ter é de que ele julgava aquela sua cidade de origem ainda mais chata do que era antes. Nem a homenagem que recebera ao ir embora de lá o fez mudar de opinião.

Entretanto, o Matsutarou mostrou possuir alguma afeição, após fazer um pedido sincero para a sua velha mãe (mesmo não olhando diretamente para ela). Isto foi o bastante para fazer com que tal senhora chorasse de felicidade uma vez mais, pois se a mesma nunca havia imaginado que um dia receberia algum dinheiro de seu problemático primogênito, era mais ainda improvável ouvir de tal rapaz (em algum momento) palavras sinceras de compreensão e carinho. O melhor de tudo, que foi mostrado neste episódio, foi a maneira com a qual tudo isto acabou ocorrendo, na mais simples e clara naturalidade, dentro daquilo que o anime se propõe à mostrar e deixar em franca evidência.

Sentir orgulho de si mesmo, por algo bem feito ou por uma honraria digna, é um fato à ser comemorado mesmo que discretamente ou de maneira isolada. Isto está muito longe de ser um crime. Mas o Matsutarou tem uma mente tão fechada para certos propósitos de vida que, atrelado diretamente à tais, ele apenas ficou sem compreender nada do que ocorrera em sua cidade natal. E os demais continuaram o apoiando, pois aquela pequena cidade estava sendo bem representada e vista de maneira positiva no cenário do sumô em âmbito nacional.

Ser aplaudido por uma demonstração de sumô é algo que ele, Matsutarou, não esperava.

Este poderia ser o momento da rendição humana para o Matsutarou. Talvez chegasse à fazer um bem maior para o anime. Entretanto, após analisar tudo com maior cautela, minha pessoa passou a acreditar que tudo foi conduzido (no mais recente capítulo deste título em questão) da maneira mais indicada e justa possível. Primeiro porque não houve uma curva no enredo central da obra, mantendo todas as características vitais intactas. E segundo porque certas essências emocionais e humanas foram trabalhadas em um caráter tão positivo que, seguramente, chega à ser possível colocar o décimo quinto episódio de Abarenbou Kishi!! Matsutarou como o melhor da série até o momento.

Não se deve aqui fazer um diagnóstico profundo sobre conceitos de vida em julgamento aberto. Nem é esta a razão de existir deste post. A causa do mesmo está direcionada para uma chamada à troca opinativa. O comportamento adotado pelo Matsutarou pode estar de acordo com o que muitas pessoas fariam mas, ao mesmo tempo, está em desacordo com o que outras mais gostariam de fazer em similar situação à do excêntrico protagonista. Todo e qualquer reconhecimento na vida é bem-vindo, desde que existe um merecimento digno para o mesmo.

Talvez, em algum momento do anime, o Matsutarou se veja pressionado à agir diferente. O ideal, no ponto de vista de minha pessoa, seria que tal personagem percebesse isso sozinho. A verdade, contudo, é que qualquer um dos ideais apresentados fugiria muito ao escopo central deste poderoso lutador de sumô. Com isso é mais seguro, legítimo e até divertido, que o personagem tantas vezes citado neste texto não mude o seu comportamental de maneira fixa. Mas toda e qualquer surpresa continuará sendo muito bem-vinda.

A última homenagem.

Até a próxima!

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Carlírio Neto
Carlírio Neto, um fã de animação e cultura japonesa desde os anos noventa. Dramas são a especialidade pessoal. O personagem Wataru, de Sister Princess, representa bem a personalidade de minha humilde pessoa.

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