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sexta-feira, julho 17, 2020

[Análises em Geral] #107: relembrando o Phantom System


O passado distante...

Diferentemente dos dias atuais, onde o público brasileiro que adora jogos e consoles conseguem acompanhar as novidades e tendências mundiais da áreas, a realidade era bem diferente disto nos idos da década de 1980, até o início dos anos de 1990. A bem da verdade, o conceito de tecnologia era também outro, inegavelmente. Contudo, no que diz respeito à consoles e jogos em si, o chamado entretenimento eletrônico, basicamente o Brasil vivenciava aquilo que já estava por demais difundido em outros países.

Desde o início dos anos de 1980, sendo esta uma vertente que perdurou por muito tempo, o sistema Atari 2600 reinou de maneira absoluta. Antes mesmo do console oficial chegar ao país por intermédio de uma parceria com a Polyvox, diversos "clones" dele já eram bem difundidos e presentes na grandes redes de lojas, sendo todos eles compatíveis com o mesmo Atari 2600, tanto nos cartuchos como também em seus controles. Fabricantes de renome - como a CCE e a Milmar - já trabalhavam com tal sistema de entretenimento eletrônico, mas outros nomes - Dactar e Dismac - apareciam bastante dentre os compatíveis com o mesmo.

Por volta de 1988, a Gradiente estava prestes a lançar a versão brasileira do Atari 7800, que era o sistema de terceira geração dos videogames tão populares no Brasil [veja aqui sua imagem conceitual]. Entretanto, a Tec Toy estava para aparecer no mercado com o 8-bit da Sega, sendo ele o Master System, que pouco tempo depois acabaria sendo lançado, causando um grande alvoroço no público nacional. Como o sistema anterior da Atari já estava "saturado" no país, a Gradiente acabou optando por mudar os seus planos originais, mesmo que não totalmente do ponto de partida.

O Phantom System, em sua forma completa.

Para competir com o 8-bit da Sega, a Gradiente preferiu olhar para a Nintendo e o seu console japonês, o Famicom, da mesma geração que a citada concorrente. Com algumas negociações mal sucedidas, em vias de trazer a Nintendo oficialmente ao país antes de 1990, a empresa preferiu por adotar a chamada "tecnologia reversa" e, aproveitando-se da carcaça daquele que seria o Atari 7800 por ela fabricado, acabou apresentando o então nomeado como Phantom System. Este console trabalharia com o sistema de 8-bit compatível com os cartuchos da Nintendo no padrão norte-americano de 72 pinos, podendo aceitar os jogos japoneses de 60 pinos via adaptador.

Este humilde blogueiro não vai aqui entrar no mérito da questão, sobre certo e errado, quanto a quaisquer prática adotada pela empresa Gradiente em si, sendo o foco total no Phantom System como console. E pode-se aqui afirmar que, no seu todo, tratou-se como um "clone" digno de nota. A começar pelo seu slot de cartucho, cuja praticidade para colocação e retirada dos jogos era melhor que no Nintendo original americano (que futuramente terá um post aqui no Netoin!), cujos cartuchos eram colocados no console de maneira similar a uma fita no videocassete. Quanto aos controles, havia ali uma cópia clara aos presente no Mega Drive, o console de 16-bit da Sega (que acabou sendo lançado oficialmente no Brasil pela Tec Toy, em setembro de 1990). Ergonomicamente falando eram muito bons, embora a minha pessoa estivesse melhor acostumado com os controles do Nintendo americano [veja a imagem aqui].

Nas imagens mais abaixo deste mesmo post, nobre visitante, notarás que o Phantom System funcionava tanto por cabo de ligação à antena na traseira da televisão, como também por um cabo áudio/vídeo. O sistema de som do console era mono. Havia a seleção de canais, tão famosa na época. Quanto à voltagem de eletricidade, este produto da Gradiente era bivolt, sendo assim um grande atrativo para consumidores das mais diferentes regiões do país. Controles de outros "clones" do sistema Nintendo 8-bits também nele funcionavam, desde que fossem com uma saída de nove pinos.

O console Phantom System.

No que tange aos jogos, o Phantom System conseguia rivalizar muito bem com o Nintendo original e estar alguns níveis acima de vários outros videogames "clones" de tal sistema. É bem verdade que a minha pessoa sempre sentiu uma diferença de som, por exemplo, ao jogar o Super Mario Bros 3 tanto nele como no sistema original, no qual o segundo prevalecia em qualidade auditiva. No visual, os jogos possuíam muito mais similaridades do que diferenças que, quando existiam, limitavam-se à tonalidade das cores. Em questão de jogabilidade, os amigos deste humilde blogueiro tinham por tendência preferir os controles do Phantom System, justamente pela ergonomia propiciada, em comparação direta com os comandos presentes no Nintendo original.

A Gradiente ainda não havia desistido de trazer a Nintendo oficialmente para o Brasil. Após mais uma bateria de negociações, os japoneses então sinalizaram como positivo para que seus produtos viessem, de maneira oficial, para o país, dado o cativo do "clone" junto ao público, resultando em grandes vendas, além dos aspectos positivos apresentados pelo console em si. Contudo, a Gradiente teria de parar imediatamente com a produção de venda do seu Phantom System, uma vez que ela seria a fabricante oficial da Nintendo no Brasil, não apenas no seu sistema de 8-bit como também quanto ao Super Nintendo, o sistema de 16-bit que rivalizava com o Mega Drive da Sega, já enraizado no Brasil - à época - por meio da Tec Toy. Isso acabou ocorrendo e, por volta de 1993, a Nintendo surgiu oficialmente em solo brasileiro, com os seus sistemas de 8 e 16-bit, adotando para ambos o modal norte-americano (consoles, controles e cartuchos). Uma união entre a Gradiente e a Estrela criou a Playtronic, sendo esta a empresa responsável pelos produtos da Nintendo no país, a partir de então.

Ironicamente, tempos mais tarde, surgiu na China um Nintendo 8-bit "clone" com o nome Phantom System, muito similar ao produto oficial no padrão norte-americano [veja uma imagem aqui]. Deixando este ponto um pouco de lado, o Phantom System da Gradiente foi um console que marcou época no país. É possível afirmar que a mudança de direção feita pela empresa, ao final da década de 1980, tenha sido a mais acertada. Tanto que, anos após, ela trouxe oficialmente os produtos Nintendo para o país. Mas é sempre interessante ter estas viagens no tempo, trazer um pouco da história dos consoles e notar como era a realidade de décadas atrás.

E assim se segue...

Imagens...



"Os controles do Phantom System, similares aos do Mega Drive, o 16-bit da Sega..."


"A visão traseira do console, com suas conexões e seletor de canal..."


"A visão lateral do console..."


Phantom System
lançamento: 1988
fabricante: Gradiente
geração: terceira  /  sistema: Nintendo 8-bit
cartuchos: 72 pinos (60 pinos com adaptador)




"O Phantom System, console 8-bit da Gradiente compatível com o sistema NES..."

Até a próxima!

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