Em pauta!

segunda-feira, dezembro 14, 2015

[N! 9 Anos] Sobre Major, e a razão do meu gosto por animes esportivos

A capa da vez.
Mangás e animes de esporte, uma maneira 
não convencional de contar grandes histórias...

Existe uma mítica sobre animes/mangás de esporte entre os espectadores ocidentais de que essas obras nunca retratam a realidade dos desportos, porque os japoneses não são bons na maioria dos esportes apresentados nessas obras, ou até pelos produtores do anime/mangá sequer conhecerem direito o esporte em si.

Em geral, muitos dos autores preferem usar o esporte para retratar a relação entre os personagens. Esse é o caso de Mitsuru Adachi, um famoso mangaká com várias obras de “esporte”. Muitos o criticam por não retratar tão bem as partidas de baseball e softball, ou as lutas de boxe e kendô, ou ainda as disputas de natação (pois é, ele escreveu sobre muita coisa). Mas isso não se deve a falta de conhecimento do autor sobre esses esportes, pelo contrário, o autor conhece bem os mesmos, porém ele prefere empregar esse conhecimento não para expor o esporte, mas para ajudar a desenvolver não apenas a relação entre os personagens, mas também o drama sempre presente em suas obras.

Outros autores propõem criar algo novo a partir de algo real, visando assim divertir os consumidores. Por exemplo, os criadores de Inazuma Eleven juntaram a diversão proporcionada pelo futebol com superpoderes para criar um jogo que eleva de forma infantil, porém épica, as disputas desse esporte. Posteriormente, este jogo ganhou anime e mangá e as tramas dessas adaptações enaltecem ainda mais esse lado.

Momento das preparações.
Alguns autores gostam de misturar ambos os aspectos anteriores para criar obras que fogem um tanto da realidade do esporte, apresentando habilidades sobre humanas, mas tentando se manter minimamente fiel ao esporte para poder explorar ao máximo a capacidade que essa temática tem de auxiliar o bom desenvolvimento das relações entre os personagens.

Por fim, existem ainda aqueles autores que exploram bem essa facilidade de desenvolver a relação dos personagens, adicionando não superpoderes, mas utilizando elementos de narrativa que de tornam certas ações que parecem comuns e muitas vezes monótonas, quando executadas em uma disputa real do esporte, em algo realmente interessante, mesmo para leigos naquele esporte (por exemplo, um gancho de direita no boxe, ou um lançamento de uma bola curva no baseball, ou ainda um spin no tênis). E além de tudo isso, esses autores costumam apresentar muito bem e de forma realista o esporte, sendo esse não mais um elemento que ajuda à trama seguir, e sim sendo de fato um dos temas principais da trama (ou o tema principal).

É esse último tipo de obra de esporte que eu mais gosto e são elas que me fazem gostar tanto de séries desportivas, pois elas juntam o melhor dos três primeiros tipos citados anteriormente com um algo a mais que faz até alguém que tem uma completa aversão a esportes, achar certo mangá e/ou anime de esporte algo incrível.

A seguir falarei de uma dessas obras, que é a minha preferida. Enfim, após essa longa introdução, convido-o a conhecer um pouco mais sobre o mangá e anime Major.

Major

Momento de ir para a partida.
“...Até minhas lágrimas limparem (namida hareru made)
Nós vamos sempre lutar (waga yuku e)
Às vezes nos perdendo (mayoi nagara mo)
Eu construo meu próprio presente (egakikake no ima)
Esculpindo, Provando, (Kizamu, Akashi,)
Com minhas próprias mãos! (kono te de.)”
Trecho final da música “Kokoro e”, da banda Road of Major.
(tema de abertura da primeira e da última temporada do anime Major)

O mangá Major, de Takuya Mitsuda, começou a ser publicado em 13 de julho de 1994 e terminou em 7 de julho de 2010, totalizando 78 volumes compilados e 747 capítulos. A trama acompanha a vida de Honda Goro, desde seus 6 anos de idade até ele ter quase 40 anos. Durante esse período vivemos junto com ele as dificuldades, as decepções e os momentos felizes de sua jornada para se tornar um jogador profissional de baseball da principal liga deste desporto do mundo, a “primeira divisão” da liga americana de baseball, também conhecida como MLB (a Major League Baseball).

Nos próximos parágrafos retratarei minha experiência com o anime de Major, que foi o que mais me influenciou, já que só fui atrás do mangá após o término do anime. Porém, vale ressaltar que Major é um excelente mangá e que recentemente, em março de 2015, começou a ser publicada uma continuação chamada Major 2nd, protagonizada pelo filho do Goro.

O anime

Um conhecido lance em movimento.
Major é um anime que adapta o mangá de mesmo nome ao longo de seis temporadas e dois OVA’s. Além disso, a obra também conta com um filme. A primeira temporada do anime foi exibida em 2004 e até a terceira temporada foi da responsabilidade do Studio Hibari. Da quarta temporada até o fim da série, que terminou no segundo OVA, Major Message, lançado em dezembro de 2010, o anime ficou a cargo do estúdio SynergSP. O filme, lançado em 2008, que apresenta alguns acontecimentos da infância do protagonista e recapitula parte da primeira temporada, foi produzido pelo estúdio Xebec.

O prólogo

 Times, rivalidades, emoção: tudo acerca do baseball se faz encontrar em Major.

A primeira temporada apresenta o prólogo e o início da jornada. Está dividida em duas partes, na primeira conhecemos o jovem Honda Goro que sempre sonhou em ser um grande jogador de baseball. Nessa primeira parte Goro tem apenas 6 anos de idade e vive em um apartamento com seu pai Honda Shigeharu. A mãe do rapaz faleceu quando o mesmo tinha apenas três anos de idade, e na época o pai de Goro era um dos principais arremessadores de uma equipe japonesa profissional de baseball.

Após a morte da mãe de Goro, o pai do garoto passou por uma fase muito ruim que culminou em ele perder a posição de arremessador e quase ser expulso do time, mas com muita determinação ele finalmente conseguiu voltar a brilhar, agora como rebatedor. Em meio a isso conhecemos também a professora do jardim de infância de Goro, Hoshino Momoko, que desenvolve uma grande afeição pelo jovem. Com o tempo, e com o incentivo de Goro, Momoko e Shigeharu acabam se relacionando, mas nada prepararia Goro e Momoko para o que estava por vi.

Após ser comprado por um time profissional japonês, o famoso arremessador americano Joe Gibson começa a arrasar todos os adversários na liga japonesa. Porém, quando o time de Gibson enfrenta o time de Shigeharu, o pai de Goro consegue fazer o inesperado, ele não apenas rebate um arremesso de Gibson, mas consegue um Home Run (lance este caracterizado quando o arremessador consegue mandar a bola para fora do campo sem cometer falta).

Falando na força de um arremessador...
Tudo levava a crer que Shigeharu teria um fim de herói nesta noite e de fato o teve, mas infelizmente a palavra fim tem um significado um tanto quando mais forte que o esperado, pois na segunda disputa da noite entre Gibson e Shigeharu, o primeiro comete um erro e acerta a cabeça de Shigeharu com o arremesso mais rápido da noite, a bola ao atingir o capacete de Shigeharu estava a nada menos que 160 quilômetros por hora. Isso foi o bastante para lançar longe o capacete de Shigeharu e fazê-lo cair.

Felizmente, o jogo não terminou em tragédia e Shigeharu conseguiu se levantar e completou a corrida pertinente a Dead Ball (este é o nome que se dá a quando o arremessador acaba, por acidente ou não, acertando o rebatedor, sendo que tal atleta ganha uma corrida até a primeira base quando isto ocorre). Infelizmente a comemoração após o jogo não durou muito, pois Shigeharu, já na companhia de Goro e Momoko, acaba desmaiando e horas depois ele vem a falecer.

Após este acontecimento, Goro e Joe Gibson se tornam rivais. Ao longo da obra, esses dois personagens se encontrarão diversas vezes. Essa rivalidade acompanhará Goro por toda a sua vida e será importante para torná-lo uma grande estrela do baseball mundial. Além disso, é importante dizer que a rivalidade não será encarada como vingança por Goro.

Aqui chega ao fim o prólogo do anime e cabe ressaltar que essa parte dramática da primeira temporada é boa o ponto de dizer que não deve em nada as obras de Mistsuru Adachi (quem acompanhou Major e conhece o Adachi também há de concordar comigo).

O início

Sonhos iniciais.
A segunda parte da primeira temporada ocorre após um salto de três anos. Passamos finalmente a acompanhar Goro, que foi adotado por Momoko, em sua primeira equipe, Nessa segunda parte conhecemos também Hideki Shigeno, outro jogador profissional que é amigo do pai de Goro desde o colegial. Também conhecemos o jovem Satou Toshiya e a jovem Kaoru Shimizu, dois amigos que Goro faz nessa época e que estão ligados a toda a trama de Major.

Dessa segunda parte da primeira temporada até o fim da sexta temporada, que foi lançada em 2010, acompanhamos o amadurecimento, as experiências e toda a jornada de Goro até se tornar um astro da Major League Baseball.

Major e eu...

Uma imagem digna.
A primeira vez que vi o anime Major foi em 2004, ainda sem legenda. Assisti a obra quando me pediram para ajudar a legendar os primeiros episódios de uma maneira mais simples, visando uma mostra de animes. Nesta época nenhum fansub nacional tencionava legendar o anime e poucos fansubs americanos o tinham feito. Claro que sendo uma legenda para um evento, não cheguei a trabalhar em mais dos que dois episódios, mesmo assim o anime me interessou tanto que vi o pouco que ainda havia do mesmo em inglês. Porém, só um ano depois, quando um fansub qualquer começou a legendá-lo foi que finalmente terminei essa primeira temporada. E a partir de então, durante seis anos da minha vida, eu acompanhei esse anime.

Nenhum outro anime de esporte me acompanhou por tanto tempo. Ele é um dos poucos animes que mesmo que fosse ruim teriam marcado minha vida, pois eu de fato cresci e amadureci enquanto o acompanhava. Felizmente, acompanhar a história de Honda Goro não foi apenas mais uma experiência de vida, mas uma experiência de vida extremamente gratificante e única.

Poucos são os animes eu posso bater no peito e dizer que foram importantes para minha formação não apenas como fã de anime, mas como pessoa. Major é um desses. Não pelas lições importantes e inusitadas que me ensinou como GTO também fez, nem por toda a moral e mensagens positivas que aprendi também em One Piece, nem pela importância de nunca desistir e sempre lutar pela família, por quem se importa e pelo que se importa como foi me relembrado em Full Metal Alchemist. Na verdade, Major apresenta a maioria desses ensinamentos. Porém, se eu tivesse que definir esta obra em uma frase, eu diria que este título é sobre amadurecimento, como nunca desistir de um sonho, sendo principalmente uma obra que te convida a enfrentar as adversidades e seguir em frente (não importando o que possa acontecer).

Sem sustos.
Não apenas o protagonista, mas toda uma gama de personagens amadurece com o espectador. Esses personagens passam por revezes assustadores durante a obra e, com determinação, conseguem seguir a diante.

Quantas vezes Goro não teve que lhe dar com pressões mentais e problemas? Como mencionar o quanto Toshi sofreu por uma fragilidade de seus parentes? Quantas vezes Shimizu, Momoko e Shigeno e tantos outros personagens não se deparam com situações desesperadoras e aparentemente inevitáveis? Mesmo com tudo contra eles sempre seguiram em frente não porque são personagens de anime ou mangá, mas porque são humanos ou são criados para representar humanos reais que todo dia tem de sair de casa e enfrentar as dificuldades para conseguir viver aqueles momentos de felicidade que fazem todos os momentos tristes e difíceis parecer fazer sentido.

Major não é o anime mais inspirador, nem o único que conta uma história cheia de altos e baixos, sequer o único anime ou mangá de esporte que o faz, mas é inegável que o seu trabalho e ideias seguem muito bem até o fim. Não há como não se importar com os personagens, pois é fácil sentir empatia pelos mesmos e ao longo dos anos você os tem como verdadeiros conhecidos, talvez até amigos, com o qual cresceu junto. Claro que quem for assistir o anime hoje sentirá bem menos essa experiência, do que uma pessoa que acompanhou o anime a medida que o mesmo foi sendo lançado, ainda assim ver Major por completo continua sendo uma experiência de vida que eu recomendo profundamente.

Major e o porquê de eu gostar tanto 
dos animes sobre esporte...

Uma capa do mangá de Major (divulgação).
Major não foi o primeiro anime de esporte que vi, mas foi o primeiro sobre um esporte que eu quase não conhecia e sequer tencionava gostar. Não fosse este título, por mais que existam outras séries de baseball que adoro hoje em dia, dificilmente eu gostaria do esporte em si. Não sou o maior fã deste desporto no mundo, mas não é incomum hoje em dia me ver em um noite sozinho em casa assistindo à uma partida da Major League na ESPN, vendo algo como Yankees vs Giants e vibrando com um corrida impulsionada que virou um jogo que foi para as entradas extras. Major é uma das poucas (bem poucas mesmo) obras de esporte, incluindo as de baseball que é um esporte geralmente bem retratado nos anime e mangás, que de fato ensina o ABC do esporte. Ela faz isso de uma forma extremamente didática já que  tal como nós, muitos dos personagens são completamente leigos em relação as regras desse esporte no começo do anime.

Depois de Major, Hajime no Ippo e Slam Dunk, eu nunca mais vi animes de esportes do mesmo jeito. Muitos ainda assistem animes de esporte como se fossem paródias ou histórias de drama que utilizam o esporte como uma forma de seguir em frente com a trama. Como já citei no começo deste post, há sim obras construídas dessa forma. Porém, boas histórias de esporte, mesmo aquelas onde o desporto é apenas algo que move a trama, sempre tentam trazer alguns dos elementos mais interessantes do esporte em questão.

 Major possui um excelente fator de evolução em seu elenco.

Na verdade, muito mais do que uma competição, qualquer esporte tem como intenção entreter e mostrar que existem formas pacíficas e civilizadas de se duelar. Eles nos inspiram a alcançar e ultrapassar nossos limites e acima de tudo os esportes unem as pessoas, ou deveriam uni-las, em uma paixão ou ao menos em um interesse, que naqueles vinte. noventa, cento e oitenta ou seiscentos minutos de disputa, nos faz simplesmente torcer e vivenciar aquele esporte, ou aquela experiência.

Enfim, todo bom anime de esporte tenta nos lembrar de quão interessante, intenso e positivo um esporte pode ser, independente se o esporte é futebol, vôlei, baseball, boxe, carta, xadrez, go, mahjong, tênis, golfe, natação, yoyo, pesca ou qualquer outro.

Major é meu anime de esporte preferido e, junto a Hajime no Ippo e Slam Dunk, é uma das obras que me fez relembrar o porquê eu gosto tanto de acompanhar competições esportivas e o porquê eu gosto tanto de animes e mangás de esporte.

 Uma obra de qualidade mais do que justificável.

O NETOIN! agradece ao grande e nobre amigo Evilásio
pela sua participação nas festividades do nono aniversário
desta casa na internet.

Você, nobre visitante, poderá encontrá-lo em atividade
nos blogs Animecote e YOpinando.

Até a próxima!

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Conheça o jovem convidado, visitante...

O Evilásio Júnior é um blogueiro que exerce diferentes atividades na área, especialmente no que tange aos podcasts. Criador do já encerrado Anime Portfólio, atualmente atua como redator no Animecote e conduz seu blog particular, o YOpinando. Sua devoção por One Piece é irrestrita e total.

7 comentários:

  1. Cara. Sem palavras...
    faço de suas palavras as minhas !

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    Respostas
    1. Saudações


      Nobre amigo Evilásio gostará disto saber.


      Até mais!

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  2. Onde consigo assistir as ovas?

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    Respostas
    1. Saudações


      Hum... Boa pergunta esta, nobre.
      Vou consultar o Evilásio para ver se ele sabe de algo sobre isto.


      Até mais!

      Excluir
  3. Me convenceu a assistir definitivamente depois de dizer que Hajime no Ippo e Slam Dunk são seus animes de esporte favoritos. Isso é uma quase certeza de que vou gostar de Major também haha

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    Respostas
    1. Saudações


      Excelente disto saber, nobre.

      Passarei vosso comentário ao rapaz que fez o post, para que o mesmo possa respondê-lo.


      Até mais!

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