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A chamada da vez. |
Ou pelo menos, esta tem sido a máxima alardeada por ai...
É difícil se manter indiferente quanto a Elfen Lied...
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A face da misericórdia. |
O pano de fundo desta história é tecido com uma tonalização bastante melodramática da vida, como uma forma de convergência temática. É o grande ponte de polarização de opiniões em relação ao seu enredo. Há pessoas que acham mesquinho e manipulativo (mas não o é toda obra de ficção?), moldando as pessoas de um modo muito monocromático. Nesse sentido, eu penso que da mesma forma que há séries que ignoram completamente o aspecto sombrio do ser humano, há outras que se concentram demasiadamente sobre ele [e existem aquelas que buscam uma espécie de equilíbrio]. Não há nenhum problema com este tipo de abordagem. É tudo uma questão temática e seu apelo para contigo irá depender do seu estômago e cristicismo, afinal, cada um desenvolve um criticismo próprio. Ainda que em algumas pessoas, isto seja ausente.
Elfen Lied se desenvolve em cima das interações das pessoas, emoções e discriminações entre humanos e Dicornius, uma espécie mutante parecida com os humanos na forma, mas distinguíveis por dois chifres na cabeça e pelos vetores, braços transparentes controlados mentalmente que têm o poder de manipular e cortar objetos dentro do alcance. O texto trabalha em cima do temor primitivo do ser humano por aquilo que é diferente. Se, desde o advento das histórias em quadrinhos artistas têm achado uma bacia repleta de possibilidades na relação conflituosa entre seres humanos comuns e pessoas com habilidades especiais, é porque se trata [mesmo nos tempos atuais] de uma metáfora poderosa para refletir o pavor e medo que o ser humano naturalmente nutre por tudo que se distingue do padrão, que lhe fuja do controle e soberania. É mais do que preconceito, é uma força arraigada das mais intimas profundezas abissais humanas, herança de nossos ancestrais que viviam um mundo completamente diferente. No entanto, ainda convivemos com esses sentimentos conflitivos vindos de outrora.
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Duas das três personalidades da Lucy, retratadas no mangá de Elfen Lied (divulgação). |
Uma das razões do amplo apelo de Elfen Lied advém justamente da sua multiplicidade arquétipa. É um produto originado nos anos 2000, virada do século, onde o arquétipo passou a ser uma cultura dominante através dos meios não tradicionais de comunicação, ao contrário do século anterior, onde este arquétipo; ou modelo de comportamento, o personagem icônico, era mais como uma imagem barroca; algo a se admirar e até querer pra si, mas mantido a uma certa distância religiosa (não é um simples acaso que seja a época onde saíram mais ícones e ídolos pop).
Atualmente, qualquer um pode ser esta figura arquétipa através de redes sociais ou plataformas de vídeos. Mas não é simplesmente por Elfen Lied exercer essa estrutura do arquétipo, afinal tantas outras já o fizeram, mas por refletir o pensamento da geração pós-2000. Para as pessoas, a sua história é a mais triste, e o seu ressentimento não tem fim. Todos querem ser Batman. Querem ressurgir das cinzas, frios e "fodões". Lucy converge todos estes sentimentos.
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Faces alegres e sérias, quase uma constante feroz em Elfen Lied.
Elfen Lied é um clássico à sua maneira, daqueles clássicos marginais (que ficam à margem, não aceitos integralmente pela aristocracia, mas marginalmente se tornam um cult). E todo cult é um clássico marginal. Elfen Lied é o nosso melhor exemplo de splatter anime. Há vários, desde Genocyber, passando por Higurashi, a qualquer outro anime obscuro que você conseguir se lembrar, mas nenhum exerce uma força tão visceral e chocante quanto Elfen Lied. Isto porque há o vinculo emocional, que emerge toda reação tempestivamente apaixonada que este provoca. E com paixão, quero dizer tanto repugnância, como ódio e amor. Ouso dizer que, como uma produção “barata” dos meados dos anos 2000, com um character design e animação nada estelar, Elfen Lied só segue ainda sendo notoriamente conhecido entre os otakus pela paixão que provoca. Talvez, desta, o ódio seja o catalizador mais forte capaz de impulsionar a série para fora do completo ostracismo.
Adaptado da série de mangás de doze volumes do mangaká Lynn Okamoto, originário de 2002, o anime é conhecido justamente por seu conteúdo forte e polêmico. Penso que um dos maiores méritos de Okamoto são as parafilias utilizadas amplamente no decorrer da história, provocando a distensão da tensão dramática, combinando harém-cômico típico, alguns elementos subversivos de sci-fi e conteúdo gráfico extremamente violento. O que significa que você vai lidar com piadas de nudez e fluídos sexuais extremamente embaraçosos juntamente com decapitação e tortura físico-psicológica.
Elementos de choque e pavor são a característica base de Elfen Lied, embora a série também seja muito conhecida por sua abertura emblemática, celebrada em oito entre dez listas como uma das melhores aberturas de anime já produzidas, apresentando a nudez de Lucy como a elfa que é sobreposta às pinturas clássicas de Gustav Klimt (inclusive, já falei sobre no Elfen Lied Brasil).
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Os ataques de uma Diclonius são sempre devastadores. |
A primeira metade do episódio inicial, ou os seus primeiros segundos de introdução, apresentando a fuga de uma Lucy iconicamente desnuda com a cabeça sobreposta por um capacete de metal, fugindo por um corredor metálico e frio de um complexo com portas-trancas que descem e sobem, e uma orla de guardas armados tentando evitar que fuja, é simplesmente das melhores introduções que já criadas pelas mãos do homem. É excruciante e excitante a forma como ela se aproxima, lentamente, poderosa e ameaçadoramente, da porta de saída, com os corredores com causando uma sensação de claustrofobia e a sua frieza que nos mantém a certa distância. Completamente incrédulos. É uma cena envolvente que dispersa a tensão pelos poros. É magnifica.
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A nobre Roberta ficou feliz ao completar a publicação de Elfen Lied no Brasil (divulgação). - imagem extraída do site Elfen Lied Brasil, neste link - |
Uma nota lateral: o mangá é ainda melhor nesse sentido, indo a extremos inimagináveis e atingindo um clímax em um circulo completo. Originalmente, eu deveria traçar um paralelo entre mangá e anime aqui, no entanto, a escrita por vezes toma rumos inesperados e para abordar este tema, o texto ultrapassaria as linhas do bom senso. Caso você esteja interessado, indico os artigos “Apaixonados por Elfen Lied”, referente a publicação do mangá no Brasil, e a página “Mangá e Anime” (que estou republicando, depois de tê-la retirado do ar).
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Elfen Lied reservou um espaço para o amor. |
A nobre Roberta é sempre participativa em momentos como este,
de ampla festividade, e o NETOIN! agradece imensamente por
mais este texto todo especial.
Nobre visitante, você encontrará a jovem blogueira com facilidade
Até a próxima!
[ made in NETOIN! ]
Conheça a jovem convidada, visitante...
Roberta Panuru, adoradora compulsiva por obras que contenham drama, suspense, sci-fi e gore. Não dispensa um título que contenha qualquer uma destas características. Domina a arte da escrita com passagem precisa de ideias. Na área de blogs desde 2010, firmando sua própria marca registrada. |
Anime Lindo.
ResponderExcluirProposta única e bem trabalhada, como Wofls Rain.
Saudações
ExcluirIsto me lembra que preciso assistir Wolf's Rain ainda...
Até mais!