Em pauta!

sexta-feira, janeiro 03, 2014

As relações humanas e conflitos culturais em Nagi no Asukara...

O logo do anime.

Quando duas culturas interferem em vidas pessoais...

Animado pelo estúdio P.A.Works, Nagi no Asukara teve seu início de exibição em outubro de 2013. Até o momento desta postagem, treze episódios foram transmitidos. A sua premissa, enfatizada pelos PVs iniciais da obra e seus primeiros previews, fez com que parte do fandom questionasse abertamente o que este anime queria demonstrar. Desta forma, quando o primeiro episódio se fez lançar, automaticamente os olhos tortos surgiram para o anime em si.

Não há muito segredo sobre o porque de tais olhares terem sido direcionados para o anime em pauta. Desde a concepção básica de sua arte, passando pela ambientação da obra até culminar com os primeiros momentos do fluxo de sua história, Nagi no Asukara acabou sendo definido por adjetivos e sinônimos que não tomarão parte deste texto (não são ofensivos, mas minimamente indignos de citação).

Quanto à isto não há problema algum. Nenhuma obra agrada à todos, nem mesmo aquelas que são cultuadas como as mais populares ou chamativas (e não apenas ao nível japonês da questão). O objetivo deste texto, logicamente, não está em nenhum tipo de incriminação para ninguém. Mas é seguro afirmar que a prerrogativa deste post estará em, mostrar para você, visitante, aquilo que foi possível absorver sobre tal obra e o que se pode esperar de seu prosseguimento, o que deverá ocorrer na próxima semana.

Falando de amigos...

Em si, Nagi no Asukara tem se mostrado uma obra cujo enredo parte de dois temas, que são trabalhados em fluxos paralelos e de ligação íntima. O primeiro deles diz respeito a um problema multi-cultural. O mesmo tem precedência histórica e de nível grave, graças ao que se conhece por humanidade no universo do anime. A base está na premissa de que, antigamente, todos os humanos viviam dentro das águas dos oceanos e mares. Com o tempo, as pessoas foram abandonando seus lares aquáticos e migrando para a superfície, onde se estabeleceram.

Este processo não foi bem visto por Umigami-sama (o grande deus dentre os humanos da água). Seus seguidores mais céticos também não gostaram da debandada de seus similares para a superfície. Com isso, criou-se um muro cultural, no qual o povo da água taxava as pessoas de terra firme por tal abandono. Mas isto não significa que os humanos em terra firme fossem livres de culpa, pois eles também passaram a ostentar um certo preconceito com os seus similares das águas, com o passar dos anos.

Seguindo um preceito religioso, foi criado um evento de nome Ofunehiki. O mesmo tinha o objetivo de aplacar a ira de Umigami-sama, através de um ritual feito "em conjunto" pelos dois povos, no qual um sacrifício humano era à ele ofertado, lançando-se uma jovem para o fundo do mar. Nos tempos atuais, uma boneca de madeira substitui a garota viva  como oferenda ao senhor das águas.

O sonho de conhecer a superfície...

Com base nos três parágrafos acima, pode-se enfatizar que Soshishio (o nome da vila abaixo do mar) possui uma beleza ímpar, que contrasta diretamente com um triste e meticuloso histórico de vida humana nele. A mesma beleza pode ser vista na superfície, com sua construções semi-oblongas com predominância em cores leves e claras. Mesmo ali, tal resplendor visual acaba chocando-se com uma realidade nada reconfortante.

Dito isto, é apresentado o segundo tema de foco do anime. Trata-se dos enlaces humanos. E quando se fala em convivência, é automático pressupor a narrativa para os mais diversos sentimentos que uma pessoa tem ou experimenta em vida. Pode-se aqui conceituar o amor, o ódio, a inveja, a felicidade, a tristeza, a insegurança, a frustração, o medo, a coragem e a vergonha, dentre tantos outros que Nagi no Asukara tem trabalhado em seu escopo base de atuação.

Para trabalhar isso de acordo e com propriedade, o anime apresenta um conjunto de cinco protagonistas. Todos eles são adolescentes, justamente a fase na vida na qual as dúvidas suplantam as certezas e onde os conflitos interpessoais acabam se intensificando, por mais que os próprios não percebam isso em um primeiro momento. É possível aqui dizer que estes cinco jovens tem provido a obra com aquilo que, em tese, realmente poderia se esperar deles.

Isto é jeito de tratar um emissário?

Dentre estes jovens, quatro vivem em Soshishio. São eles o Hikari, o Kaname, a Chisaki e a Manaka. O quinto integrante vive na superfície, sendo Tsumugu o seu nome. Cada um deles possuem seus próprios medos e incertezas, que variavam desde o desconforto em algumas das ações demonstradas por eles até se chegar no ímpeto da raiva, com discursos e provocações nada convidativas. Com tal cenário em demonstração, é fácil imaginar a empatia que alguns dos citados personagens acabaram criando em suas primeiras aparições, especialmente dentre três integrantes das águas.

O Hikari era dono de um comportamento explosivo, usando de um pesado tom de voz e sem muita amabilidade no uso de suas palavras, especialmente ao se dirigir ao povo da superfície. A Manaka era quem mais sofria com o comportamento de seu amigo, muito embora o seu comportamento choroso e de alta insegurança fosse realmente perfeito para críticas. Por fim a Chisaki, com a sua aura de adulta que escondia, na verdade, alguém que sabia proteger seus anseios e que não poupava ninguém de suas crises de fúria quando necessário.

Fora eles, o anime ainda apresentou um Kaname que realmente era incógnito, agindo apenas quando conveniente para ele, sob quaisquer circunstância.  E o Tsumugu era (e ainda é) o maior ponto de interrogação existente dentre o quinteto de protagonistas, graças ao seu comportamento calmo e de certa forma estático, mesmo possuindo um fascínio extraordinário pelos domínios de dentro do mar. Juntos, estes cinco personagens tiveram um início clássico, mostrando alguns de seus anseios e ambições que, no decorrer dos episódios, converteram-se em algo realmente maior.

O momento do aprendizado.

Além deles, outros personagens merecem uma menção muito poderosa e necessária aqui. O primeiro deles é o Uroko-sama, considerado a escama do deus das águas para proteger o seu povo (um tipo de representante vivo, para cuidar do povo segundo prediz a sua crença e distinção). Tarado, sem-vergonha em diversos momentos e propício à dizer certas verdades por meio de entrelinhas, o Uroko-sama acaba mostrando que seu comportamento normalmente estabanado esconde alguém de grande persuasão e poder. E quando se fala na presença que este personagem tem, basta aqui lembrar vagamente de suas ações nos últimos três episódios do anime para se ter uma resposta positiva em tal afirmação.

A irmã mais velha do Hikari também merece citação, sendo ela a Akari. Desafiar certos conflitos culturais para ela é um trabalho mais do que dobrado, pois ela possui grande amor por um homem da superfície. Seus conflitos emocionais atingem em cheio o Hikari e o seu pai, que é o chefe de Soshishio. Para ele, o envolvimento de seus filhos com a superfície é uma séria prerrogativa sobre aquilo que está para ocorrer nas águas (e em terra firme também).

Você pode estar se questionando sobre o anime aqui se, de fato, o envolvimento e os laços entre os personagens teve algum trabalho ao longo de treze episódios exibidos. Pode-se aqui enfatizar, sem medo algum, que Nagi no Asukara tem feito um trabalho primoroso neste sentido. A cada novo capítulo da obra foi possível perceber, com certa honestidade na menção, o quanto que o elenco foi recebendo um tratamento equivalente à sua importância, no qual o crescimento dos protagonistas (como exemplo) acabou sendo ainda mais pretensioso às vias de fato.

Falando de conflitos existenciais...

Não foi apenas o Hikari que amadureceu e teve coragem de encarar o ambiente como ele realmente é. Tem-se aqui uma Manaka que, muito embora ainda seja uma personagem chorosa, demonstrou que pode também ter coragem para agir quando necessário. A Chisaki mostrou que fingir-se de adulta não é saudável, mas ela é ainda a garota mais emblemática dentre os residentes das águas. O Kaname provou que agir em silêncio é uma política arriscada em demasia, principalmente pelo fato de ele se colocar em perigo ao dizer o que pensa. O Tsumugu nunca diminuiu o seu fascínio pela vila abaixo das águas, mas também não abandonou sua estática comportamental, apesar de que cedo ou tarde deverá expor o que pensa com alguma propriedade.

Os envolvimentos humanos e laços comportamentais, ao longo do primeiro cour de Nagi no Asukara, mostraram que a obra deverá continuar trabalhando nestes aspectos com força, principalmente após os incidentes registrados no décimo terceiro episódio. A certeza maior vem da premissa que atende pelo nome de hibernação, pois o povo das águas está em descanso por tempo indeterminado, enquanto a vida se faz prosseguir na terra firme. O propósito do anime, com isso, fica centrado no trabalho em expor e intensificar os dramas e anseios de cada personagem.

Com uma animação realmente das mais primorosas, uma qualidade acústica simplesmente fantástica e um enredo que tem mostrado possuir um valor crescente em sua qualidade, Nagi no Asukara possui os ingredientes necessários para ter um segundo cour bem expressivo. Entretanto, isto só será atingível se os responsáveis pelo anime souberem trabalhar isso de acordo, caso contrário poderá ser presenciado mais um exemplo de um plot com potencial latente à ser desperdiçado.

Isto é Nagi no Asukara.

Este post foi baseado em opiniões pessoais de minha pessoa e em 
conversas com uma grande amiga sobre este anime.

Até a próxima, visitante!

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Carlírio Neto
Carlírio Neto, um fã de animação e cultura japonesa desde os anos noventa. Dramas são a especialidade pessoal. O personagem Wataru, de Sister Princess, representa bem a personalidade de minha humilde pessoa.

10 comentários:

  1. Hello!

    Um ótimo post sobre Nagi no Asukara. Soube comentar muito bem sobre o enredo e as personagens nessa semana sem a obra. Meus parabéns.

    Eu espero que na segunda temporada trabalhe mais as personagens emblemáticas. Eu anseio abordarem mais os pensamentos do Uroko-sama, Kaname e Tsumugu. Imagino que esses possam causar ou influenciar em momentos de grande importância.

    Provavelmente Hikari e Manaka continuarão sendo as personagens de maior foco, podendo desenvolver melhor ainda os dois. Eu espero grande pesares para esses dois, principalmente para a Manaka. Contudo, algo me faz acreditar que ela será tão importante quanto HIkari entre os dois povos.

    Até mais o/

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    1. Saudações


      Exatamente, nobre Melima... o/

      O que espero, para Nagi no Asukara, é um prosseguimento sólido e mais nada além disto. O segundo cour poderá representar um resgate para o anime, da mesma forma que poderá sucumbir o mesmo em ruínas...

      Prefiro apenas acreditar que o anime está seguindo muito bem, de forma firme inclusive. Anseio por muitos momentos de atenção e possíveis reviravoltas que haverão de acontecer.

      Grato pelas palavras. Como sempre, nobre.^^


      Até mais!

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    2. Isso mesmo o/ * \o

      O final da primeira temporada me faz pensar que a segunda temporada poderá trabalhar mais o drama, focando no grupo de amigos e as influências de Uroko-sama sobre eles.
      Concordo, esperamos que seja um bom resgate.

      Eu penso mesmo, começando pela decisão da vila e como essa influenciará as demais personagens,

      Disponha ^^

      Até o/

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    3. Saudações


      Tens total razão...

      Este resgate poderá ser presencial para a obra em si, Melima.
      A decisão da vila é outro ponto de impacto.

      E para não ser diferente, Uroko-sama e suas cartas sob a mesa deverão ditar as regras, de alguma forma...

      Muito obrigado.^^


      Até mais!

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  2. Os dois únicos motivos que me fizeram continuar a assistir Nagi no Asukara foram a própria animação e a espera da explosão do segundo cour. Minha primeira impressão, que, infelizmente, se mantém até hoje, foi que é simplesmente um Ano Natsu de Matteru com plano de fundo.
    As personagens são um exato conjunto do que não me chama à atenção. Gostaria, inclusive, que trabalhassem mais diretamente com o choque entre os povos, mas penso já ser tarde para isso. Por outro lado, espero uma melhora na segunda parte, no sentido de ver algo que realmente me empolgue.

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    1. Saudações


      Quando o anime possui um plot ou conjunto de personagens que já lhe desagrada ao primeiro impacto, passo à acreditar que a obra em si dificilmente lhe fará pensar o contrário, nobre Martins.

      Mas isto é um flagelo de minha parte, longe de significar algo realmente concreto.

      Contudo, estou na torcida por um drama mais acentuado na sequência do anime.


      Até mais!

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  3. Só espero que mantenha o bom nível técnico do "primeiro cour" e que não desvirtue a história e a temática em pró de algo "mais pop". Mesmo já tendo uma dosagem extra de "moe" nas personagens principais.

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    1. Saudações


      Verdade seja aqui dita: o moe já era esperado.
      Mas, por sorte, a narrativa do anime e o dito moe combinam muito bem, criando a ambientação saudável para o desenvolvimento deste plot.

      No mais, aguardar o prosseguimento da obra é necessário.


      Até mais!

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  4. Texto muito bom!

    Sinceramente, temo um pouco pela segunda cour de Nagi no Asukara. Talvez o peso de não ser mais uma série "desconhecida", possa afetar o desenrolar do drama incutido no anime. Eu terminaria a série brevemente (não que eu tenha essa capacidade, haha).

    Óbvio que a minha torcida é para que continue com nível da primeira temporada (pra mim, o melhor da temporada passada), mas me parece um risco bem real.

    Sobre a continuação, tenho algumas "pulgas" atrás da orelha. Ainda não sabemos, o quanto vai durar o sono dos Soshishios, pode ser um ano e pode ser um dia, isto é, bem subjetivo. Há ainda, o impacto na superfície, o que acontecerá com o pessoal de cima? Aposto até num final apocalíptico (tá, viajei um pouco, mas é uma possibilidade, e eu ia gostar, haha)!

    E uma pergunta mais "fandomística", como eles farão um encerramento tão bom quanto o primeiro?

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    1. Saudações


      Seja bem-vindo aqui nesta humilde casa, nobre.^^

      Hum...
      Eu espero por muitas coisas neste anime em sua consequência.

      A principal delas está ligada intimamente ao dito convívio pessoal. Não me parece que todos se sairão bem nesta empreitada, após o último grande evento...

      Na sua pergunta bem de fã, vos respondo: espero por algo do mesmo nível, ou melhor ainda...^^


      Até mais!

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