Em pauta!

sexta-feira, maio 23, 2014

Especial - Um relato sobre a cultura otaku no Japão (por Leandro Nisishima)

Curtindo um veículo bem propício para a causa.

Uma chamada irresistível...

Quando você tem a oportunidade de estudar no exterior e adquirir uma experiência de vida inolvidável com isto, o mais correto à se pensar é que o aproveitamento de tal será total. No caso em específico, um bom amigo deste humilde blogueiro passou por uma experiência curricular de seis meses em solo japonês e, neste período, acabou aprendendo mais sobre a sociedade local e aproveitou para ver, com os próprios olhos, que algumas coisas imaginadas no ocidente não refletem na totalidade a realidade nipônica.

Após uma conversa entre a minha pessoa e o grande amigo em questão, um pedido foi feito e mais tarde, por e-mail, teve a resposta confirmada. Com isto o nobre Leandro Nisishima (o idealizador dos blogs Subete Animes e, mais tarde, do Missão Incubator) irá trazer para você, nas linhas mais abaixo, a impressão pessoal que ele teve sobre uma vertente deveras debatida não apenas no Brasil como, basicamente, em todo o planeta. E a mesma se trata dos chamados otakus.

Este guest post promete ser muito especial, justamente no ganho cultural que o mesmo lhe oferta, além do fato de tudo que estiver aqui presente realmente merecerá ser debatido e opinado com muita vontade e seriedade. O convite lhe é feito oficialmente, nobre visitante.

Tenha uma boa leitura.

Um papo sobre a cultura otaku...
por: Leandro Nisishima

Akihabara... Afinal, cultura otaku e Akihabara são praticamente sinônimos...

Primeiramente, gostaria de agradecer ao Carlírio por me convidar para escrever esse breve post (ou nem tanto) no NETOIN!. Embora atualmente eu seja desconhecido na blogosfera otaku, há alguns anos escrevia num blog chamado Subete Animes, que atualmente não existe mais. Inclusive, conheci o Carlírio por meio dele, há longínquos sete anos.

Sem maiores delongas, estive durante seis meses como estudante de intercambio no Japão, então não preciso dizer que o motivo de ter sido chamado pelo Carlírio se deve a esse fato. Sobre a cultura otaku em si, há realmente muita coisa que poderia ser dita, a começar pelo próprio termo cultura otaku, que embora já seja comumente usado na comunidade de animes e mangás existente na internet, é o termo oficialmente empregado em pesquisas acadêmicas envolvendo o tema no Japão. E pessoalmente gosto dele, pois soa melhor do que algo que envolva diretamente os otakus.

Digo isso, pois, quase sempre que alguém fala dos otakus inevitavelmente cai nos estereótipos. Penso que o fato dos estereótipos existirem não é por mera obra do acaso, afinal os grupos fechados de interesse tem características em comum, que os fazem ser um grupo. Usando como exemplo a própria comunidade otaku no Brasil, sabemos que os frequentadores dos eventos de animes têm características em comum, que inclusive são usadas para definir o que já se convencionou chamar de “otaku brasileiro”. Atualmente é até um estereótipo que passa uma imagem negativa para algumas pessoas, sendo usado como argumento de que o termo otaku, mesmo no Brasil, não seria coisa boa.

Não questiono o fato de a palavra otaku no Brasil não ter mais aquele lado inocente de “simples fã de anime e mangá”, realmente penso que o significado há muito já mudou, tendo adquirido certo teor negativo. Por outro lado, é bastante óbvio que não dá para definir o otaku brasileiro e a cultura otaku no Brasil apenas pelos estereótipos, imaginando que todos se encaixem neles. Pois bem, no caso japonês também não.

A cultura otaku é algo tão "anormal" assim?

Experimente falar mal da cultura otaku e...

Atualmente, a sociedade japonesa ainda enxerga a cultura otaku como algo anormal. Porém, o que penso ter mudado nessa história toda é o grau desta dita anormalidade. Em primeiro lugar, a figura do otaku foi apresentada da maneira mais negativa possível no final da década de oitenta, após um caso de assassinato de menores executado pelo jovem Tsutomu Miyazaki. Acredito que muitos já devem conhecer essa história de cabeça, junto do fato desse assassinato ter rendido grande audiência para a mídia japonesa durante a sua cobertura, cobertura, essa, diga-se de passagem, bastante sensacionalista.

Tendo a cultura otaku e a figura do otaku “nascido” da maneira mais negativa possível, não seria difícil imaginar que o tempo se encarregaria de curar certas feridas, e é mais ou menos isso o que aconteceu. Ser otaku no Japão ainda é ruim, mas não tão ruim como em tempos passados. Além disso, a cultura otaku é um fenômeno juvenil. Considerando que a chamada primeira geração otaku é agora adulta e há uma tendência irreversível das novas gerações envelhecerem, penso que isso naturalmente quebrará ainda mais parte da imagem negativa.

Seria mais ou menos igual o receio e a resistência que nossos pais e avós tinham em relação aos jogos eletrônicos, que foi sendo quebrada na medida em que a geração que cresceu jogando passou a exercer seus respectivos papeis na sociedade. É claro que dentro da imagem fechada que temos dos otakus no fandom de animes e mangás, teoricamente otaku e sociedade são elementos contraditórios, mas realmente não penso que todos eles repudiem a sociedade a ponto de simplesmente a ignorarem.

Bem que podiam lançar esta figura da Saber no Brasil...

Abrindo um breve parêntese na discussão, lembro-me de uma aula de Estudos Sociais que tive durante o intercambio em solo japonês. Escolhi essa matéria por recomendação de um professor e o trabalho final consistia numa apresentação pessoal relacionado a algum tema ligado à sociedade. Eu realmente não esperava que alguém fosse falar sobre os otakus, até porque, se a imagem que os ocidentais possuem deles no Japão fosse de fato verdadeira, ninguém iria se prontificar a apresentar sobre o tema correndo o risco de ser “desmascarado”.

E só para constar, como era uma matéria voltada aos estudantes japoneses, que escolhi devido à curiosidade de ter a experiência de assistir uma aula universitária com os nativos, não seria fácil apresentar um tema desses sem arrancar olhares de desaprovação dos colegas. É completamente diferente de um estrangeiro falar que é otaku, certo? Até pensando dessa forma, senti que quando a aluna que havia apresentado o tema se declarou fujoshi, eu era o sujeito que mais parecia ter sido surpreendido por essa revelação em relação ao resto da turma. Talvez tivessem outras fujoshis ali no meio e o choque não foi tão grande para elas, mas de todo jeito, não era algo que esperava ver numa sala de aula, muito menos na universidade.

Foi a primeira vez também que me foi dito que a imagem negativa dos otakus perante a sociedade estava decaindo, embora na hora, não tenha acredito muito por se tratar de um trabalho feito por alguém que queria ser aceita como fujoshi. Digo isso, pois haveria a tendência dos dados apresentados por ela tentarem validar a todo o custo a sua visão. Mas no fim, eu mesmo comecei a ficar curioso sobre o assunto.

Uma Hatsune Miku em 3D? Será isso?

Mas os costumes otaku não são destrutivos e nocivos? De fato, eu mesmo não chego a achar a coisa mais nobre do mundo se apaixonar por garotas 2D, curtir um moe, colecionar figures e afins, mas isso considerando a moral vigente nas sociedades ocidental e oriental. Além disto, os elementos listados acima constituem o estereótipo do otaku, o que novamente não significa que todos pensem dessa forma. E não digo só pelo fato de a palavra otaku designar uma paixão obsessiva por um hobby, que vai além dos animes e mangás, mas também pelo simples fato de que ao colocarmos a sociedade no meio, não se pode generalizar dizendo que os otakus são seres anormais e sem relação com a sociedade.

Pelo contrário, pois o fato de parte deles não ir de encontro com os anseios sociais das pessoas a sua volta os faz ter um papel social ironicamente forte, embora seja dito que eles mesmos não se importam com isso. De todo jeito, a cultura otaku, aquela que mais representa o grupo tem se espalhado pelo próprio Japão e pelo mundo, ou não? Se você está assistindo alguns animes da nova temporada, tem curiosidade de visitar Akihabara ou a Comiket, participa de fóruns de discussão na internet, tem uma conta no Twitter só para falar de animes, passa horas na internet se dedicando a um hobby especifico, há como contrariar?

A cultura otaku e a juventude

Até o McDonald's se rende à cultura otaku em Akihabara...

A pergunta feita no último parágrafo mais acima pode ter sido provocativa para alguns, sobretudo para aqueles que repudiam o termo otaku ou a própria cultura otaku, principalmente aquela tão bem refletida por Akihabara. Por outro lado, enquanto estive no Japão e reservei um tempo para vivenciar e pensar sobre essa peculiar cultura, comecei a perceber (em primeiro lugar) que ela não seria muito mais do que outra das várias manifestações culturais juvenis.

Tóquio é uma cidade cercada de subculturas dos mais diversos tipos, que se aglomeram em bairros específicos como Akihabara, Harajuku, Shinjuku, Shibuya e outros. Isso jé deve ser sabido da sua parte, mas você já parou para pensar sobre o motivo das pessoas quererem se aglomerar ou procurar uma tribo para fazer parte? No caso do Japão não é difícil imaginar o motivo deste tipo de ação, considerando que se está diante de uma sociedade considerada rígida para os padrões ocidentais. Até por isso, o que essas culturas de rua presentes em Tóquio refletem é justamente essa busca por uma individualidade. E essa busca por uma individualidade naturalmente se choca com a ideia de sociedade.

A questão do nivelamento ganha força agora. Alguns levam a ideia muito a sério e prezam só pela sua própria individualidade e outros encontram um equilíbrio. Pensando por esse ponto, a cultura otaku e outras manifestações culturais juvenis presentes nas ruas de Tóquio seriam tão ruins assim ou depende muito do “uso” que as pessoas delas fazem?

Uma imagem noturna de Akihabara...

A título de curiosidade, embora muitas subculturas coexistam em Tóquio (e eu tenha tido a oportunidade de visitar as localidades que representam cada uma delas), realmente não senti em nenhuma a dimensão que a cultura otaku tem. Obviamente, mesmo no Japão não é dito que a cultura otaku é um fenômeno de massa mas, por outro lado, já não é mais dito também que isto seja algo ligado a uma minoria. E há fatos que ajudam a reforçar essa ideia.

Em primeiro lugar (e considerando apenas Tóquio) temos um evento como a Comiket, que atualmente reúne cerca de 500.000 pessoas a cada edição, o que não é pouca coisa considerando que ela ocorre duas vezes ao ano. E um fato interessante de ser citado é que, como entre essas 500.000 pessoas há uma divisão justa entre homens e mulheres, o que contraria a expectativa padrão do nosso fandom. Tive a oportunidade de visitar a Comiket e apesar de um ou outro problema, além dos inevitáveis choques culturais e sociais, pude comprovar com os meus próprios olhos que a imagem que o ocidente tem da Comiket (como sendo um evento voltado para um público majoritariamente masculino) não é necessariamente verdadeira. É dito que mais de 60% do público da Comiket é formado por mulheres.

Obviamente, muitas delas vão para vender doujins yaoi, mas não é impossível ver outras circulando no espaço reservado para as séries de publico masculino. Sendo sincero, o fato de ter visto um público misto já foi motivo para me sentir contrariado diante da imagem que carregava da cultura otaku. Isso sem mencionar a existência de casais andando por lá, embora em pouca quantidade.

Yodobashi Câmera: um dos símbolos da antiga “cidade dos eletrônicos”.

Akihabara, que outrora foi conhecida como a “cidade dos eletrônicos”, hoje guarda poucos motivos para ser lembrada por esse nome. Atualmente é chamada de a “capital dos passatempos” dentro do meio acadêmico japonês. Parte disto deve-se à concentração de lojas ligadas com a cultura otaku. E dentro do fandom japonês, Akihabara é conhecida também pela curiosa alcunha de a “terra sagrada da cultura otaku”. Inclusive, antes de ir ao Japão, pensava que esse nome era só uma brincadeira, o que até certo ponto não chega a ser mentira. Até certo ponto...

De fato (olhando pelo meu lado pessoal) senti em Akihabara, com seus prédios cercados de propagandas ligadas a cultura pop, suas luzes, sua moda peculiar, entre outros fatores, um sentimento único, diferente daquele sentido em outros bairros, seja no resto do Japão ou mesmo em Tóquio. Há um arquiteto japonês chamado Morikawa Kaichiro (a definição nova de Akihabara como a “capital dos passatempos” surgiu dele) que escreveu um livro cujo foco é exatamente a evolução de Akihabara, relatando que diferente de outros bairros, Akihabara teve um desenvolvimento único. Normalmente a maioria dos bairros que se desenvolvem e se tornam populares, há exemplo de Shinjuku, Ginza, Shibuya e outros bem famosos de Tóquio, chegam a esse patamar com a implantação de lojas de marcas famosas em seus arredores, sendo quase sempre por motivos ligados ao capitalismo contemporâneo.

Não que Akihabara fuja a regra, mas o crescimento do bairro que poderia se dever as lojas de eletrônicos foi feito de uma maneira peculiar, por meio de lojas e serviços ligados aos passatempos mais caros à cultura otaku. Não foge a regra do capitalismo quando lembramos do fato de que são os bens e serviços que mantem Akihabara de pé, mas é também o próprio fanatismo otaku que preserva essa cultura funcionando tanto, em Akihabara, quanto em outros lugares de Tóquio, como o caso de Ikebukuro.

Akihabara UDX: talvez o mais luxuoso edifício da cultura otaku...

Ikebukuro deve ser um lugar relativamente conhecido para quem já viu um anime chamado Durarara. Durante minha última viagem à Tóquio passei brevemente pelo bairro. Embora esperasse ver algo semelhante à Akihabara, acabei me decepcionando quando percebi que Ikebukuro ainda estava longe de Akihabara. Mas isso se deve ao fato de que este bairro seja, na verdade, um polo relativamente novo de concentração da cultura otaku, a ponto de apenas a sua região leste (Higashi Ikebukuro) ser povoada pelas lojas ligadas a ela. Além disso, são apenas lojas de produtos, enquanto Akihabara concentra os tradicionais serviços de Maid Café, realiza eventos ligados à indústria de animes, contando até mesmo com prédios luxuosos (como o Akihabara UDX) para abriga-los.

Em outras palavras, Akihabara não é apenas um grande mercado e centralizador da cultura otaku, mas também um ponto de encontro e difusor de tendências. Ikebukuro está começando a crescer e deve se estabelecer como um polo de cultura otaku voltado ao sexo feminino nos próximos anos, em contradição a Akihabara que é uma localidade voltada ao sexo masculino. A diferença na quantidade de estabelecimentos é gritante, mas se de fato a cultura otaku cresce em Tóquio, não deve demorar muitos anos para Ikebukuro atingir um patamar semelhante a Akihabara, até pela força das mulheres dentro da cultura otaku.

Cinema de Nagoya decorado para receber o filme de THE IDOLM@STER...

Outro fato que chama a atenção é que a cultura otaku não se limita a Tóquio, embora (no geral) a indústria esteja quase toda concentrada por lá. Nipponbashi (situada em Osaka) e Osu (localizada em Nagoya) são outros dois pontos peculiares de concentração da cultura otaku. Não tive a oportunidade de visitar Nipponbashi, mas tive várias chances de visitar Osu, já que meu intercâmbio foi em Nagoya. E isto, obviamente, me proporcionou a aproveitar tal oportunidade.

Osu não é necessariamente um bairro de cultura otaku, dividindo espaço com lojas de roupa, mas principalmente com diversos restaurantes das mais variadas culinárias. No mais, a parte otaku do bairro concentra alguns Maid Café, lojas de eroge, figures, animes, mangás e até mesmo de lençóis, pôsteres e travesseiros eróticos ligados a cultura otaku. Curiosamente, esse último fica aberto em plena avenida, que é relativamente bem movimentada (diga-se de passagem), ali no coração do bairro e durante o dia. Em relação a moda do bairro, é possível ver durante os fins de semana garotas adeptas ao estilo maid andando próximas ao Maid Café, tal como acontece em Akihabara.

Obviamente (e considerando a imagem que os ocidentais possuem do Japão) isso não deveria ser difícil, mas alerto para o fato de que, essa moda mais exótica que vemos na TV fica basicamente limitada a bairros específicos. No dia-a-dia, o que se vê nos trens e outros espaços públicos em termos de moda e comportamento é algo bastante padronizado. Mesmo quando se tem um evento de anime ou coisa do tipo, diferentemente do Brasil, você não verá um japonês entrando de cosplay num lugar público, carregando plaquinhas ou cantando músicas de anime em voz alta. Nos locais públicos, seja otaku ou não, os japoneses de modo geral são bem discretos.

O coração da cultura otaku

Love Live! dando seu ar de graça no coração de Akihabara...

Havia dito que não iria me prolongar muito e realmente não pretendo. Quero apenas terminar dizendo que a cultura otaku, apesar desses pontos de encontro famosos, não se limita só a eles. É possível ver filiais de grandes lojas como a Animate ou mesmo os conhecidos Mangá Kissaten espalhados em vários lugares do Japão. Nagoya abriga também duas lojas da Animate e uma série de lojas de produtos usados de animes e mangás (produto usado no Japão é praticamente novo, na maioria dos casos).

Outras regiões do Japão provavelmente tem estrutura semelhante, embora obviamente as grandes cidades concentrem a grande maioria dos bens e serviços. Mas, caso não seja possível encontrar ou ir até esses pontos sempre tem a opção de comprar online. E falando do online, não se pode ignorar a cultura otaku sem falar da internet. Isso é até conhecido da maioria, pelo fato de que se diz que os otakus nunca saem de casa e passam boa parte do seu tempo conectados a rede.

Como disse anteriormente há níveis e níveis de isolamento, então não seria necessariamente verdade que eles não saem de casa, até porque o individuo que de fato não sai de casa, já receberia a definição de hikikomori, que, diga-se de passagem, é uma definição muito mais fechada do que a de otaku. Obviamente há aqueles que também só saem para manter contato com conhecidos que cultivam os mesmos hobbies e provavelmente se encontram num dos já citados pontos de encontro, como a Comiket, Akihabara, Ikebukuro e etc. Por outro lado, só esse fato já dá uma quebrada no estereótipo, não é?

Agora é a vez de Madoka e companhia decorarem o cinema de Nagoya...

Além disso, sabendo que a internet é um elemento também central na cultura otaku (afinal de contas, é fácil para qualquer um encontrar pessoas que cultivam os mesmos hobbies que o seu) torna-se realmente verdade que esse fato tem relação só com a cultura otaku? Outras manifestações culturais da juventude não teriam a internet como centro? Ou melhor, dizendo, quem aqui nunca quis usar a internet para se comunicar com pessoas com gostos semelhantes ao seu?

Observe bem que, novamente, não estou querendo dizer que quem faça isso obrigatoriamente seja otaku, mas sim que a cultura otaku existe e possivelmente não é uma coisa tão anormal quanto se acreditava e ainda se acredita. Um exemplo claro disto está sendo dado neste instante, pois eu estou aqui postando em um blog de animes. Meu amigo Carlírio está dentro desse meio há anos e provavelmente checa diariamente suas redes sociais, seu blog e talvez algum fórum relacionado a esse hobby chamado “anime e mangá”. O fato dele ainda manter essas atividades, mesmo depois de sete anos, tem muito a ver com esforço próprio, mas também não valeria de nada se não supormos que existam outras pessoas fazendo o mesmo.

Pela minha própria experiência no fandom sei perfeitamente que isso existe, inclusive casos de pessoas que criam contas no Twitter voltadas exclusivamente a comentar sobre a cultura otaku. Não só isso, como há pessoas que passam inúmeras horas do dia exercendo atividades na rede, e provavelmente são mais proativas dentro dela, do que em seu cotidiano. De um ponto de vista conservador veria isso de forma escandalosa, mas não penso necessariamente que correr atrás de um grupo de interesse seja uma coisa medonha. Pelo contrário, com a internet acredito que seja uma tendência, e com a agitação do nosso cotidiano acaba sendo uma opção plausível de comunicação e também de cultivo e compartilhamento das coisas que gostamos. E sim, isso tem tudo a ver com a cultura otaku, muito mais do que normalmente se pode imaginar.

Minha pessoa, em muito, agradece ao bom amigo Nisishima por ter aceito
o convite e ter promovido tão importante texto, de cunho cultural.
Realmente, uma experiência como a que ele teve no Japão merece ser
respaldada com muito merecimento.

Obrigado, nobre amigo Nisishima...

Aviso...
As imagens deste post, gentilmente cedidas para o NETOIN!, são 
de propriedade do jovem Leandro Nisishima. Favor não utilizar delas sem a prévia permissão.

Até a próxima!

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Conheça o autor do NETOIN!, visitante...
Carlírio Neto
Carlírio Neto, um fã de animação e cultura japonesa desde os anos noventa. Dramas são a especialidade pessoal. O personagem Wataru, de Sister Princess, representa bem a personalidade de minha humilde pessoa.

7 comentários:

  1. Texto incrível, Nisishima, um olhar pouco visto e muito fresco de uma faceta da realidade desses grupos com quem tanto nos relacionamos.

    Apareça mais vezes por aqui, faz falta.

    Abraços,

    Gyabbo!

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    Respostas
    1. Saudações


      O bom amigo Nisishima não planeja voltar à blogar seriamente, nobre... Mas acho que convidá-lo para mais posts como este pode ser uma boa, realmente...^^


      Até mais!

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  2. Olá!!

    Que texto!! Realmente o que pensamos mutos vezes não é o que acontece de verdade. Gosto bastante de ver o lado das pessoas que vivenciaram o momento, como você pode fazer e alguns blogs que acompanho fazem. Postar uma coisa que viu na internet é fácil, difícil é saber se é verdade mesmo ou o que pensamos...

    A última parte do texto me fez refletir bastante....

    Até mais

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    Respostas
    1. Saudações


      Nada melhor do que a opinião de quem viu e presenciou os eventos ao alcance dos próprios olhos...^^
      Seguramente, o amigo Nisishima deu, neste texto, uma bela aula sobre vivência humana, bem sócio-cultural mesmo...

      Imagino o porque de tu ter refletido bastante, nobre...


      Até mais!

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  3. Nossa, ótimo texto! É sempre bom ouvir o relato de alguém que esteve lá, que viu e ainda mais que estudou a respeito dessas coisas diretamente.

    O que vejo muito é uma demonização do termo otaku, mas de maneira geral é um assunto tratado muito superficialmente. As pessoas realmente não parecem saber do que estão falando.

    É um assunto muito complexo e interessante. Textos bons como esse, de gente que fala com conhecimento de causa, estão em falta.

    Me lembro de ter pegado o finalzinho do Subete, mas o pouco que vi foi o suficiente pra gostar muito dele. Espero que o Nishshima faça mais "aparições especiais" por ai.

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    Respostas
    1. Saudações


      Isto é uma bela verdade. O bom amigo Nisishima passou o que ele viu em solo japonês e, com isso, meu respeito para/com ele (que já era imenso) aumentou ainda mais.

      As diferenças entre ocidente e oriente, especialmente no que tange à cultura, vão ainda mais além do chamado "universo otaku" e obedecem, cautelosamente, as mesmas propriedades aqui apresentadas.


      Até mais!

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  4. Saudações


    O quê? Deixe disto, nobre amigo...
    Tu sabe muito bem que a carta branca existe para ti...

    E apesar de avaliar bem o que tu comentou, só lhe peço uma coisa bem especial e deveras importante: nada de contratos, pois os mesmos estão sumariamente proibidos (razões óbvias).^^


    Até mais!

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