A chamada oficial da campanha. |
As festividades pelo oitavo aniversário do NETOIN! estão apenas no início de seu ciclo. Não obstante à isto, é chegado o momento do segundo guest post especial se fazer aqui presente, consolidando não apenas um laço de ligação fraterna entre este humilde espaço e o site que atendeu ao chamado, como também mostrando que a união de blogs e seus responsáveis é algo mais sólido do que se pode imaginar.
Com isto a jovem Roberta Caroline, administradora do site parceiro Elfen Lied Brasil e que também escreve para o igualmente parceiro Kono-Ai-Setsu, atendeu ao mais novo convite feito por minha pessoa e lhe apresentará um post digno de sua leitura e pronta troca opinativa acerca de um tema bastante prático para tanto, nobre visitante.
Tendo a sugestão proposta aceita, a nobre Roberta abrangerá o seu conhecimento sobre o fandom em si. No caso, ela desenvolverá com seu texto as definições mais diretas possíveis para tal nomenclatura, bem como buscará mostrar as formas com as quais um fandom nasce, se estabelece, mantem-se e, dependendo do caso, possa até cair no esquecimento. Em outras palavras, este ´um convite para um post dos mais dignos, o qual você poderá começar a ler à partir deste momento.
Tenha uma boa leitura.
Falando sobre o fandom...
por: Roberta Caroline, do site parceiro Elfen Lied Brasil
Elfen Lied, um exemplo de clássico para o fandom do seu gênero. |
Claro que a comunidade de fãs é igual à sociedade civil, havendo as áreas com maior densidade e participação e as áreas cinzentas, como pessoas degeneradas que produzem fanfic e fanarts pornôs de My Little Pony (existe um lugarzinho no inferno especialmente para essas pessoas). Acho interessante que, ao se falar de fandom, naturalmente pensamos na era pós-popularização da internet, afinal o próprio conceito de fandom moderno é atrelado à rede mundial de computadores, e evoluindo conforme o passar do tempo. Hoje, fandoms são responsáveis por disseminações de memes e novos termos, e com uma linguagem bem especifica, empregando palavras como nfsw, ship, canon, anon, cosplay, além da própria palavra fandom – oh sim, comunidades de fãs existem ha mais tempo do que você possa imaginar, remontando à década de 1930, embora em tal época não existisse um termo tão especifico para defini-lo. Nos tempos modernos da internet popular é fácil se integrar a um fandom, e por isso sua rápida população, surgimentos de termos, sufixos e etc. e etc, é um mundo complexo, uma vórtice que você só pode compreender completamente se faz parte do mesmo, e olhe lá (não por acaso, existem páginas especificas na internet com tropes e dicionários de sufixos).
Extremamente sugestivo. |
O termo “fã” está banalizado, porém ele ainda atende genuinamente à ideia de ser ativo em relação a algo, que é o que diferencia um leitor/expectador passivo de um ativo. Acho que me desviei um pouco da linha de raciocínio original, mas precisava disto para me fazer melhor entender quando digo que “fandom” é apenas um termo para uma atividade que está intrinsecamente arraigada no que é ser humano e viver em sociedade. No fundo, a maioria possui essa necessidade de integração e o próprio termo fandom ser descrito como comunidade, demostra que é apenas um termo que abrange características de segmento, de algo bem mais abrangente.
Let's go! |
Tudo bem, não é uma comparação justa, nem tão pouco válida. Se tratando de grupos de uma subcultura, seu desenvolver está diretamente atrelado aos valores culturais regentes naquele determinado período. Por isso compreendo o apelo nostálgico entre os “primeiros otakus” ocidentais, aqueles que vivenciaram uma época amarga em que a internet não era popular e descobrir informações sobre determinada série era algo complicado, além de muitas informações naturalmente serem equivocadas. Revistinhas de anime e mangá famosas nos anos de 1990 no Brasil hoje se tornaram um produto de apelo cult, lembranças de encontros periódicos em eventos e as trocas de gastas fitas de vídeos povoam as discussões nostálgicas – e acompanhando-as, você percebe muita paixão envolvida.
07th Expansion. |
07th Expansion, circulo de doujin formado por Ryukishi07 que conta com obras como Higurashi e Umineko. Formou um grande fandom em torno de si, obtendo sucesso em uma empresa doujin circle, ou seja, que produz publicações amadoras conhecidas como doujinshis, ou melhor, publicações independentes – o termo doujin circle pode ser enganoso, pois muitas vezes ele é formado apenas por uma pessoa. No caso da 07th Expansion, se trata de um grupo bem reduzido, mesmo atualmente gozando de tantos rendimentos. Estes grupos publicam suas obras em Comikets, eventos que reúnem milhares de fãs japoneses de anime, mangá, games e relacionados. É de lá que saem muitos doujins pornôs de sua obra preferida.Qualquer um destes, em sã consciência, sabe que hoje é uma época muito melhor para fãs de animes e mangás. Mas é compreensível que mesmo diante de tantas dificuldades, aquela época tenha se torna uma experiência tão incrível para eles, afinal é a dificuldade de se conseguir algo que o torna tão significativo, mesmo quando de fato não seja algo tão grandioso assim. Porém, muitas séries que veneramos, sob a lente de uma análise fria e desapaixonada, também não são tão originais e grandiosas, mas se tornaram marcos, ícones de uma geração, representaram o sentimento de toda uma comunidade, alimentando seus espíritos famintos, e por isso se tornaram cults. É a experiência de se assistir algo que o torna menor ou maior.
Quantas obras achincalhadas, odiadas e incompreendidas no passado, hoje foram revisitadas e acolhidas apaixonadamente como uma obra seminal, visionária e/ou apaixonante? A experiência está atrelada ao tempo, a cultura de uma época. Portanto, é compreensível que fãs sentem uma paixão especial por um tempo em que era difícil alimentar seu instinto voraz por novidades e, por isso, valorizavam melhor algumas séries [talvez até mais do que merecem, de fato] – embora, particularmente, eu não gostaria de ter vivido esta época e abrir mão de todo o conforto e materiais que alimentam minha paixão, hoje.
Fãs fazem fila para o longa-metragem Yamato (1977). |
Sabe-se que cada fandom possui suas características predominantes, como por exemplo, uma que compreende o fandom de animes de um modo geral no mundo inteiro, é a questão do fanservice. Diferentemente de como ele é compreendido e discutido em outros fandoms, no otaku o que se chama de “fanservice” sempre gera desastrosas polêmicas, que algumas vezes culmina até na perda de amizades, blocks, mutes e a senhora mãe envolvida. É uma questão complexa, porque é a própria indústria que fomenta isto – os investidores e os criadores sabem que fanservice não é o que vai decidir, por si só, se uma obra vende ou não, mas que se trata de uma pitada que é atrativa para maior parte do fandom, é com um bolo em que todos os ingredientes devem ser dispostos sabiamente.
Imagem do anime Yamato original. |
A indústria fomenta, e não apenas a de animes, mangás e relacionados, mas toda e qualquer indústria. Porém, no fandom de animes, as reações sobre fanservice são mais polarizadas que em qualquer outro, com às vezes discussões que se resumem a isto. Penso que isto ocorra por diversas questões, portanto algo complexo de se definir, mas posso citar que a proximidade maior [pelo fato de a indústria de animes, mangás e etc. ser muito menor que outras] e o fato de serem desenhos são algumas das possíveis causas. Também há a complexa questão do que e como definir um fanservice, e nem somando os maiores estudiosos no assunto, se chegaria a uma opinião uniforme.
Uma imagem para exemplificar todo o momento... |
Por mais que os consumidores de mangás em nosso país sejam de pessoas comuns alheias às comunidades otakus online, eles formam uma comunidade que compra mangás por gostarem da narrativa e características de um mangá, ou seja, compram porque é mangá e gostam daquele estilo, da mesma forma que os fãs quadrinhos ocidentais preferem estes à mangás; poucos são os que compram pela qualidade da história, independente do formato. Assim sendo, podem não ser uma comunidade que se relaciona fortemente entre si, mas demonstra o quanto a ideia de fandom está em muitos lugares, a despeito do que convencionalmente se entende pelo termo na era da internet.
Ichinose Kotomi, de Clannad: o fandom do gênero desta obra é também exigente. |
Imensuravelmente, a minha pessoa agradece à nobre Roberta Caroline por mais esta participação festiva aqui do NETOIN!, com uma contribuição de imensa valia.
Nobre visitante, aguarde pois mais posts especiais, visando esta campanha tão especial,
logo estarão disponíveis aqui para você, com total seguridade.
Até a próxima!
[ made in #netoin8anos ]
Conheça a jovem convidada, visitante...
Roberta Panuru, adoradora compulsiva por obras que contenham drama, suspense, sci-fi e gore. Não dispensa um título que contenha qualquer uma destas características. Domina a arte da escrita com passagem precisa de ideias. Na área de blogs desde 2010, firmando sua própria marca registrada. |
Ótima matéria da Roberta, e ótimo blog também, espero que continue a postar nele depois desses 8 longos anos, estarei acompanhando.
ResponderExcluirSaudações
ExcluirGrato por suas felicitações, nobre Vinícius.
E sim, a Roberta sempre faz posts deveras grandiosos.
Seja bem-vindo.
Até mais!
Que lindo!! Humildemente - como você diz e realmente precisava dizer aqui porque é verdade, haha - parabéns, Carlílio. :)
ResponderExcluirConheço seu blog já há bastante tempo (desde 2009, talvez?), apesar de não ser comentarista, mas nunca tinha parado pra pensar... Oito anos é realmente muito tempo pra se manter um blog; é muito esforço despendido. Felizmente, o resultado aqui é de dar orgulho. Parabéns pela história, mas mais ainda, pela abertura pras opiniões e mudanças e o conteúdo informativo e diversificado do blog. (^_^)y Que você e o Netoin! tenham cada dia mais sucesso.
Saudações
ExcluirNobre Chell, agradeço imensamente pelas suas palavras sinceras e de grande respaldo.
Conheci seu blog tem pouco tempo, é bem verdade, mas espero pode sempre nele entrar, ler seu ótimos posts e comentar em tais quando possível me for.
Sim, oito anos é uma vida, basicamente...
Mas extremamente louvável, digna e cheia de alegrias para compartilhar.
Espero poder continuar sendo merecedor de tais palavras, nobre, com a humildade e sinceridade de sempre!
Novamente, muito obrigado!
Até mais!
OBS: não apaguei seu comentário duplicado e nem o farei, nobre, em respeito à sua gentileza e respaldo. Por isto, eis minha resposta aqui novamente. Digno!
Esse é o caminho, jovem Chell...