O logo da obra. |
Veio diretamente de onde não se esperava aquele que, para este humilde blogueiro, tem fortes indícios de ser o melhor episódio de anime da presente semana. Não se trata aqui de um tipo de preconceito, até porque o anime sabia entreter ao seu modo, sem aparentar possuir grandes pretensões. Mas seus últimos quarenta e quatro minutos (os dois últimos capítulos) estiveram carregados de muita emoção, por mais que tudo tenha se iniciado com um festival (episódio #8) e encerrado com a dura realidade (episódio #9).
Tal anime em pauta é Cross Ange. Seu enredo, que consegue atrair a atenção por possuir uma base interessante, mostra que um mundo que se diz belo na verdade é mais corrupto do que a imaginação poderia te forçar a crer. Uma princesa, Angelise, viu o "seu mundo" ruir justamente aos dezesseis anos de idade (nesta base da idade similar ao que pode ser visto em Akatsuki no Yona). Em um momento no qual ela receberia a benção máxima para poder seguir adiante no reino, acabou tendo seu segredo revelado pelo próprio irmão mais velho à toda população. Não obstante à isto, esta jovem nem fazia ideia disto, uma vez que nunca havia se imaginado "indigna" perante a sociedade.
Similar destino foi compartilhado por uma outra jovem, chamada Hilda. Por mais que não fosse da realeza propriamente dita, ela e sua mãe viviam muito bem juntas em um pequeno vilarejo pertencente a outro reino. Infelizmente para ambas, a pequenina acabou sendo separada à força da pessoa que a trouxe ao mundo, pois ela também era "indigna" de viver em sociedade e deveria passar o resto de seus dias confinada em outro local, para o seu próprio desespero e também para a desilusão de momento por parte de quem deu a luz para ela.
Tanto Angelise quanto a Hilda, além de tantas outras mulheres no universo de Cross Ange, são consideradas como Normas. Este é o nome dado para as pessoas que "renegam a luz divina", sendo este chamado de Mana, o poder que demonstra o grau de evolução ao qual a humanidade conseguiu chegar ao próprio modo. Por mais que soe estranho o fato de tal proposta contrária atingir apenas as mulheres nesta obra, o fato é de que elas acabam tendo destino batalhas cruéis frente à poderosos seres que são oriundos de uma outra dimensão (à princípio). Tratam-se dos Dragons, sendo estes criaturas aladas de imenso poder (bem parecido com o Mana humano) cuja razão para invasão ao mundo das pessoas ainda não tenha ficado concreta. Uma vez considerada como Norma, tal humana não tem mais o direito de retornar à sua sociedade de origem pois, como já se pôde imaginar, tais pessoas não passam de monstros perante os usuários de tal "poder divino".
O passado e o presente para a Hilda...
A desconfiança e a traição para a Angelise...
Uma vez que você já tem a ciência prévia do enredo desta obra, é chegado o momento de se ir um pouco mais à fundo em tal. Isto porque o episódio que foi ao ar no último domingo (30 de novembro de 2014) mostrou o quanto a hipocrisia pode cegar toda uma sociedade, sempre acompanhada do medo junto ao chamado desconhecido e das regras arbitrárias impostas por um poderoso grupo, que visa fazer isto para proteger a paz e o bem-estar de todos. No caso em específico, a Angelise e a Hilda foram atrás de seus sonhos mais tenros. A primeira esteve em busca de salvar a sua irmã caçula que aparentava estar em perigo. A segunda foi ter um reencontro com alguém muito especial, sendo esta a sua própria mãe.
Nobre visitante, procure imaginar apenas em uma fração de minuto, o que este episódio acabou reservando. A Angelise acabou sendo vítima de uma armadilha feita justamente pelos seus entes queridos e a Hilda notou que o tempo pune, na mesma velocidade que a segregação imposta por toda uma sociedade é tão inescrupulosa que acaba não cedendo espaço nem para uma relação direta entre mãe e filha. Do lado real a coroa ficou com a hipocrisia cheirando à lavagem cerebral, possível resultado de séculos com mentalidade retrógrada e medrosa. No lado da visita caridosa, restou apenas as fagulhas em forma de saudade, pois os sentimentos de uma mãe para a sua filha não mais existem e tudo ficou renegado à escuridão mórbida e cruel.
No mundo enfatizado por Cross Ange, você possuiu o direito legal de viver com os demais apenas se for usuário de Mana, caso contrário seu destino é ser perseguido e visto como diferente por todos (ênfase na última palavra). Parece ser algo um tanto quanto parecido com a sociedade do mundo real, guardadas as devidas proporções para/com o que é demonstrado no anime em pauta. Este episódio foi frio, cruel, desumano e conseguiu todos estes atributos por ter mostrado uma dura verdade quanto ao roteiro. A Angelise e a Hilda são apenas exemplos, nos quais o anime focou e trabalhou com afinco. E mesmo assim, doeu emocionalmente.
É muito reconfortante notar que um anime como este apresentou de maneira digna um trabalho bem feito no episódio em questão. Ao se analisar os últimos capítulos exibidos é possível notar uma progressão das mais bem-vindas na obra. Cross Ange mantém forte a sua base com shoujo-ai em evolução, acerca do fanservice e de certas situações minimamente hilárias. Porém, o título em análise resolveu assinar as credenciais para o drama, o sentimento e o trabalho pautado no emocional. E muito embora este humilde blogueiro esteve na torcida para que os Dragons invadissem aquele reino e aniquilassem com o mesmo, a verdade é que o futuro do anime ainda é incerto. De toda a forma, o agrado é cada vez mais visível e a lição sobre sociedade e sentimento continua extremamente válida.
E assim segue-se...
"O desespero no olhar..."
"As lágrimas sentidas..."
Indicação do NETOIN!
Até a próxima!
[ made in NETOIN! ]
Conheça o autor do NETOIN!, visitante...
Concordo plenamente que este foi o melhor episódio da série, mostrando mais uma vez como às normas são renegadas pela sociedade. E principalmente como ambas Ange e Hilda ficaram sem ação após a demonstração de ódio de seus parentes.
ResponderExcluirAgora ainda acho que os Dragons tem algum propósito e é bem possível que sua citação possa vir a acontecer, mas não que destrua o reino, mas que apenas o "poder" das normas o salve e mude a história.